A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta terça-feira (8) uma investigação “independente e imparcial” por parte das autoridades russas sobre o “crime muito grave” cometido contra o opositor Alexei Navalny. As autoridades russas negam qualquer envolvimento no caso.
Especialistas alemães afirmam que Navalny, de 44 anos, foi envenenado com uma substância do tipo Novichok, agente neurotóxico desenvolvido pela União Soviética para uso militar. O principal opositor do Kremlin, que passou mal a bordo de um avião em agosto, foi transferido de um hospital da Sibéria para Berlim. Na segunda-feira (7), ele deixou o coma induzido.
Bachelet afirmou, em um comunicado, que “negar a necessidade de uma investigação completa, independente, imparcial e transparente sobre essa tentativa de assassinato não constitui uma resposta adequada”.
“Cabe às autoridades russas investigar em profundidade quem foi o responsável por este crime muito grave cometido em solo russo”, acrescentou.
Bachelet disse ainda que agentes neurotóxicos como o Novichok e Polônio-210 são substâncias sofisticadas extremamente difíceis de se obter.
“Isso levanta muitas questões. Por que usar substâncias como essas? Quem as usa? Como as conseguiram?”, indagou.
Durante uma entrevista coletiva da ONU, em Genebra, o porta-voz de Bachelet, Rupert Colville, disse que “não estar em posição de fazer acusações diretas” ao ser questionado sobre os culpados.
Moscou nega
Na segunda (7), o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que todas as tentativas de associar a Rússia com o que aconteceu com Navalny são “inaceitáveis” e “absurdas”.
A situação ficou ainda mais tensa no domingo (6), depois que a Alemanha apresentou à Rússia um ultimato de alguns dias para “explicar o ocorrido”.
Moscou critica Berlim por “adiar o processo de investigação que reclama” ao não transmitir os documentos do caso às autoridades russas.
De acordo com Peskov, Moscou espera que Berlim proporcione todas as informações necessárias à Rússia “nos próximos dias”. “Estamos esperando com impaciência”, afirmou.
Por G1