Campo Grande, 19 de abril de 2024

‘Tem pessoas que cortam o meu cabelo que são negras, amigos que são negros’, se defende suspeito de injúria racial no Mineirão

Os dois suspeitos de praticar injúria racial contra o segurança Fábio Coutinho, no Mineirão, disseram, nesta terça-feira (12), que querem se encontrar com o segurança Fábio Coutinho para pedir desculpas. Os irmãos Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, e Natan Siqueira Silva, de 28, foram ouvidos no Departamento de Operações Especiais (Deoesp), na Região da Pampulha.

O fato ocorreu domingo (10), durante o clássico entre Atlético-MG e Cruzeiro, que acabou em pancadaria dentro e fora do estádio, com 65 detidos em Belo Horizonte. Os irmãos chegaram à delegacia nesta terça, por volta de 12h, acompanhados da advogada Aline Lopes Martins .

Natan negou que tenha chamado o segurança de macaco.

“De forma alguma, tanto é que eu tenho irmão negro, tenho pessoas que cortam o meu cabelo que são negros, amigos que são negros. Isso não foi da minha índole, pelo contrário. A forma que está circulando nas redes sociais, na imprensa, que eu dirigi a palavra a ele de ‘macaco’, de forma alguma eu falei aquilo. A palavra direcionada foi ‘palhaço’ e não ‘macaco’”, disse.

O irmão, Adrierre, cuspiu no segurança e em seguida gritou: “Olha sua cor!”. Nesta terça, ele disse estar arrependido.

“Estava com os ânimos exaltados na hora do jogo e quero pedir perdão a ele, por todos os insultos que eu fiz, pelo cuspe que eu proferi. Aquilo não é da minha índole”.

Após publicações de atleticanos e cruzeirenses nas redes sociais dizendo que os suspeitos não deveriam frequentar mais o estádio, Adrierre também pediu desculpas aos torcedores.

Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, prestou depoimento nesta terça-feira (12), por praticar injúria racial contra segurança no Mineirão — Foto: Saulo Luiz/TV Globo

Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, prestou depoimento nesta terça-feira (12), por praticar injúria racial contra segurança no Mineirão — Foto: Saulo Luiz/TV Globo

Excluídos de programa de sócios do Atlético-MG

No fim da tarde desta terça, a direção do Atlético-MG informou que os dois suspeitos foram desligados do quadro de associados do Galo na Veia, programa de sócio-torcedor do clube alvinegro (confira abaixo a íntegra da nota).

“O Clube Atlético Mineiro informa que os dois torcedores identificados pela Polícia Civil, acusados de praticar injúria racial no clássico do último domingo, pertenciam ao programa Galo na Veia, embora inadimplentes. De qualquer forma, ambos foram desligados do programa de sócio-torcedor do Clube.”

‘Situação mais delicada da minha carreira’, disse segurança

Um dia após o clássico, o segurança Fábio Coutinho, de 42 anos, disse que viveu a situação mais delicada de sua carreira.

“A nossa intenção era barrar a ida dos atleticanos para uma área restrita, a área da imprensa, mas os atleticanos queriam passar de qualquer jeito”, disse Coutinho.

Nascido no Rio de Janeiro, o segurança mora em Belo Horizonte há sete anos e adotou o Atlético-MG como time. Ele trabalha como segurança há três anos e presta serviço no Mineirão desde o início deste ano. Atuar em dia de jogo do Galo era uma alegria para ele.

“Foi triste, foi pesado demais. ‘Olha sua cor, não põe a mão em mim’. Então, pela minha cor, eu sou inferior a outro ser humano?”, questionou, emocionado.

G1/MG

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