A família de Moisés Luis da Silva Oliveira, que faleceu aos 22 anos após ser vítima de um atropelamento no cruzamento da avenida Ceará com a Euclides da Cunha, em Campo Grande, continua a clamar por justiça 1 ano e 7 meses após o crime. Segundo o irmão da vítima, o autor foi denunciado por homicídio culposo, há pouco mais de um mês, na mesma data em que o jovem faria aniversário.
“No dia em que o Moisés faria mais um ano de vida, ele [autor] finalmente houve a denúncia por homicídio culposo (sem intenção de matar). A promotora reconheceu todos os agravantes na alegação dela, como a embriaguez, o fato do meu irmão estar atravessando na faixa de pedestres e a falta de socorro. Mesmo assim, ele insiste em dizer que não teve a intenção em matar”, afirmou ao G1 o estudante Felipe Luis da Silva Oliveira, de 23 anos.
Na ocasião, a família ressalta que o acusado estava alcoolizado, em alta velocidade e não parou para prestar socorro. “Ele somente foi preso em casa porque a placa do carro dele ficou no local do acidente, porém, antes mesmo do sepultamento, ele já estava solto por ter pago a fiança. Ele cometeu uma barbárie, matou meu irmão arremessado a 55 metros de distância e sequer procurou a família para se desculpar ou até mesmo reparar alguma despesa”, lamentou.
A reportagem tentou contato com a defesa do réu, porém, não conseguiu contato até a última atualização da reportagem.
Vítima foi lançada a 55 metros de distância do ponto de impacto em MS — Foto: José Aparecido/ TV Morena
Vídeo mostra momento do atropelamento de jovem na avenida Ceará
A polícia obteve imagens de câmeras que captaram o atropelamento e morte do jovem no dia 26 de abril de 2018. Na ocasião o delegado Mário Donizete disse que a velocidade “chamou a atenção” e agora a perícia deve apontar se o suspeito dirigia rápido demais para a via.
“As imagens já foram encaminhadas para perícia e estão sendo analisadas. No caso do motorista, ele não falou nada que o comprometesse: disse que não bebeu, não estava em alta velocidade, não viu ninguém e também estava voltando pra casa. O suspeito estava acompanhado do advogado e foi bem vago ao responder os questionamentos, inclusive falou que não fez o teste do bafômetro porque não quis”, afirmou Donizete.
Logo após o acidente, ainda conforme Donizete, o homem justificou que “foi embora ao sentir medo do ocorrido”. “O delegado que fez o flagrante trabalhou com o que ele tinha em mãos. Agora nosso trabalho é localizar mais testemunhas e também obter os exames periciais”, comentou.
Momento de comemorar
O irmão de Moisés, Felipe Oliveira, explicou que o jovem estava no trabalho e saiu porque queria comemorar. Ele atuou em um hipermercado da cidade e, seria promovido, após o período de experiência. “Estamos desolados. Meu irmão nos disse que foi chamado e disseram a ele que era o melhor funcionário do seu setor. Agora estamos sem chão, resolvendo as coisas do velório”, lamentou. A mãe da vítima diz que soube da morte do filho por aplicativo de mensagem
Entenda o caso
Durante a madrugada, o jovem saiu com amigos. As imagens mostram que ele e outro rapaz estavam atravessando, quando perceberam o carro avançando e um deles correu. O que escapou coloca as mãos na cabeça, constatando que o amigo foi atingido. A vítima foi lançada a 55 metros, conforme a investigação.
O homem de 33 anos fugiu e o para-choque com a placa permaneceu na avenida, o que ajudou os investigadores a encontrarem o suspeito. O carro ficou com a frente destruída e foi levado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro. Houve buscas e o motorista foi preso na casa dele, no bairro Carandá Bosque.
O suspeito, ainda conforme a polícia, apresentava indícios de consumo de bebida alcoólica. Ele foi autuado por homicídio qualificado pela embriaguez, por ter ocorrido em faixa de pedestre e ainda por evasão de local de acidente. A pena para este crime varia de 6 a 20 anos de reclusão.
Carro ficou com a frente destruída em MS — Foto: José Aparecido/ TV Morena