A Polícia Civil já autuou o homem de 59 anos que matou a tiros a professora Angela Maria Jorge, de 62 anos, em Três Lagoas, a 313 km de Campo Grande. O crime ocorreu há 2 dias e, além de deixar uma carta confessando o que fez, o suspeito também deu um tiro no ouvido. Ele permanece internado sob escolta policial.
“O ex-namorado dela foi autuado em flagrante, porém, ele deu um tiro no ouvido, foi transferido para Campo Grande e permanece sob escolta policial. Nós estamos aguardando, já que ele continua hospitalizado. No decorrer da semana pretendemos ouvir uma testemunha que estava na mesma festa onde estava a vítima”, afirmou ao G1 a delegada Patrícia Peixoto, responsável pelas investigações.
Conforme a delegada, as intimações começam a ser feitas a partir desta segunda-feira (2), na Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) do município. A polícia também já encaminhou a arma usada pelo suspeito para perícia e também aguarda o resultado do laudo necroscópico de Angela.
Ao instaurar inquérito, a polícia também verificou se a vítima já havia feito registros contra o namorado. No entanto, nada foi encontrado, ainda conforme a delegada.
A reportagem solicitou informações sobre o estado de saúde do paciente para a assessoria de imprensa da Santa Casa, porém, foi informada de que ele está sob escolta e não é possível passar informações sobre ele, apenas que segue internado.
Federação dos Trabalhadores emitiu nota de pesar; veja na íntegra:
É com pesar que a FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) e o SINTED Três Lagoas/Selviria comunica o falecimento da Professora/Diretora Angela Maria Jorge que é mais uma vítima de Feminicídio em Mato Grosso do Sul. Ela foi assassinada com dois tiros no peito e o suspeito é o ex-namorado, Carlos Roberto Felipe, 59, que atirou na própria cabeça.
Infelizmente a professora Angela Maria Jorge entra para a estatística de Feminicídio do Brasil que é alarmante, após ser morta pelo ex-companheiro.
Em comparação com 2015, ano em que a Lei do Feminicídio foi criada, o aumento foi ainda maior, de 62,7%. Nos dois últimos anos, foram registrados 2.357 Feminicídios, o que significa uma vítima morta por ser mulher a cada oito horas. É o maior registro desse tipo de crime desde que a lei entrou em vigor.
Diante disso, espera-se que a Lei do Feminicídio (13.104) seja colocada em prática, e que as penalidades para esse tipo de crime façam valer o que estabelece a legislação.
Nesse momento difícil para todos nós, pedimos a Deus para que conforte os corações dos familiares e amigos para suportarmos irreparável perda, principalmente aos familiares de nossa colega de trabalho.
A FETEMS reafirma que continuará a lutar pela paz e igualdade de direitos para as mulheres, e repudia veementemente e combate toda e qualquer forma de violência.
Entenda o caso
A mulher foi morta a tiros pelo suspeito, em frente à um hotel da cidade, na noite de sexta-feira (29). Pouco tempo antes, testemunhas presenciaram uma discussão e, conforme a investigação, o homem tentou suicídio em seguida.
O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foi acionado em seguida e constatou a morte da vítima. Já o homem foi socorrido e levado para o Hospital Auxiliadora. Uma testemunha disse aos policias que a mulher havia pedido que a levasse embora, momento em que o autor disse que ele a levaria.
Segundo a polícia, a mulher recusou e iniciou-se a discussão, momento em que ela foi atingida com dois disparos de revólver no tórax. Em seguida, o homem disparou com a mesma arma na própria cabeça. A testemunha disse ainda que a vítima e autor mantiveram um relacionamento.
No local a polícia encontrou o revólver calibre 32 com munições. Já no carro do homem foi encontrado um bilhete que teria sido escrito por ele, no qual ele confessava o crime dizendo: “…foi pela pessoa que tanto amo, mas não fui correspondido por isso que eu vou, mas ela vai junto”. Os investigadores também apreenderam uma carteira com documentos pessoais e R$ 306.
O caso foi registrado como feminicídio. A pena para este crime pode chegar a 30 anos de reclusão.
G1 MS