O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta sexta-feira (6) que a Polícia Militar vai realizar ações neste fim de semana no baile funk de Paraisópolis e de outras comunidades da cidade. Doria voltou a afirmar que os procedimentos da corporação serão revistos, mas não detalhou quais serão as mudanças.
A declaração foi dada depois da morte de nove jovens em Paraisópolisdurante uma ação da PM no domingo (1º), da morte de um homem em Heliópolis no mesmo dia e da divulgação de vídeos em que policiais aparecem agredindo pessoas na dispersão de diferentes bailes funks.
“Haverá procedimentos distintos, revisão de protocolos. No entanto, a presença da Polícia Militar está assegurada na comunidade. Eles estão cientes disso”, disse Doria em entrevista coletiva. “Com a revisão de procedimentos, mas a segurança continuará a ser feita na comunidade de Paraisópolis, como em todas as comunidades aqui na Região Metropolitana de São Paulo.”
Questionado sobre quais seriam as mudanças que devem ser adotadas, o governador não deu detalhes. “De tudo se extraem lições, sobretudo em momentos de sofrimento. Nós temos que ter humildade para aprimorar procedimentos, melhorar comportamentos e manter a confiança da comunidade”, disse.
Na entrevista coletiva, Doria também disse que:
- na próxima semana, terá novos encontros com moradores de Paraisópolis e de Heliópolis e com mães dos 9 nove jovens mortos na primeira comunidade;
- vai divulgar ações nas áreas de saúde e de cultura tanto em Paraisópolis quanto em Heliópolis;
- é possível garantir a proteção de testemunhas dos episódios; de acordo com o governador, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Corregedoria da Polícia Militar têm como colher depoimentos de maneira discreta.
Mudança de tom
Após defender a atuação da polícia, Doria mudou o tom do discurso na quinta-feira (5) e anunciou que pediria a revisão dos protocolos da PM.
“O secretário da Segurança Pública já foi orientado a rever protocolos e identificar procedimentos que possam melhorar e inibir, senão acabar, com qualquer perspectiva da utilização de violência e de uso desproporcional de força em qualquer acontecimento do estado de São Paulo”, disse.
Na segunda-feira (2), ele havia dito que a “letalidade [as mortes em Paraisópolis] não foi provocada pela Polícia Militar, e, sim, por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk”. Na ocasião, o governador afirmou ainda: “Não houve ação da polícia, nem utilização de arma, nem ação da polícia em relação a invadir a área onde o baile funk estava ocorrendo”.
Por Giba Bergamim, SP1 — São Paulo