Durante a ação do Dia D, alusivo ao Dezembro Verde, oitenta animais ficaram disponíveis para a adoção, entre filhotes e adultos de cães e gatos. Além da feira, as crianças e familiares também receberam orientações, através de brincadeiras, sobre cuidados e abandono de animais.
“A campanha foi instituída nesse mês porque é o que antecede as festas de final de ano e as férias, que é quando o número de abandono de animais cresce muito nacionalmente”, explica a veterinária Juliana Rezende, que organizou as atividades.
Ela lamenta que, durante a feira muita gente chegou a ligar para o Centro de Controle de Endemias e Bem-estar Animal (CCZ), para entregar filhotinhos para adoção, mas que não havia a possibilidade de recolhê-los, já que as gaiolas já estavam todas lotadas. “A gente tem que dar preferência para os daqui que já sofreram antes e precisam de uma casa, senão começam a ficar doentes por causa do estresse”, explica.
O Secretário Municipal de Saúde José Mauro Filho salienta a importância da campanha para a saúde tanto dos animais quanto da população. “Esses animais que são abandonados adoecem, são vítimas de acidentes e maus tratos, além disso, eles defecam em praças públicas, por exemplo, contaminando o local e gerando risco para a população”.
A professora Márcia Santos, de 41 anos, levou os dois filhos para escolherem mais um gatinho para fazer companhia aos da família, Eclipse e Sem Nome, que foram resgatados da rua. “Íamos levar um gatinho, mas meu filho se encantou por esse cachorrinho e eu por uma adulta caramelo. Ela me escolheu, olhava pra mim pedindo para eu levá-la para casa”, comenta.
Indignada com a quantidade de animais que estavam procurando uma casa, a filha da professora, Íris, de 11 anos, não se conteve e começou a chorar, querendo ajudar o máximo de animais possível. “Eles não têm culpa da pessoa ser ruim, eu queria muito pegar todos e levar para minha casa para cuidar”, lamenta, com lágrimas nos olhos.
Poucos minutos depois Íris conseguiu ajudar mais um dos inúmeros animais que ainda estavam na feira, e levou um filhote de gato para casa. “Ela insistiu muito, foi para casa chorando, então resolvi voltar para pegarmos mais um”, explica Márcia.
Dezembro verde
Em Mato Grosso do Sul, a campanha Dezembro Verde foi instituída através de Lei de autoria do deputado Lucas de Lima e sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja. A campanha tem o objetivo de conscientizar a população de que o abandono é crime, além de ser um ato cruel que pode condenar o animal à morte
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que existem cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas no Brasil, destes 20 milhões são cachorros e 10 milhões são gatos.
Abandono é crime
Existe no Brasil uma população canina de 55,2 milhões e uma felina de 22 milhões, segundo estimativas do IBGE. No entanto, nem todos esses animais possuem um lar definitivo, por isso são chamados de animais em situação de rua.
Nesses casos, alguns já nascem de animais sem donos. Entretanto, alguns são abandonados por pessoas que adotaram ou compraram.
O abandono é uma forma de maus-tratos, considerado crime, e está previsto no artigo 32 da lei 9.605/98. A pena é de três meses a um ano de detenção e multa. Se houver morte do animal a pena é aumentada em um sexto a um terço.
Também é considerado crime manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz. Outros exemplos são: deixar o animal sem água ou sem comida; abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado ou deixar de ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária.