Campo Grande, 20/01/2020 às 13:19
O combate ao mosquito Aedes aegypti em Campo Grande terá o apoio de empresas, entidades e instituições públicas e privadas do Estado, que irão contribuir de forma estratégica nas ações de enfrentamento, conscientização e sensibilização da população, conforme plano de atuação a ser estabelecido por cada ente. As propostas de engajamento foram discutidas em reunião realizada nesta segunda-feira (20), no Paço Municipal.
As instituições devem auxiliar sobretudo na divulgação e propagação de informações sobre prevenção e os cuidados em geral para evitar a proliferação do Aedes aegypti, além da mobilização de seus colaboradores/servidores em ações de bloqueio pré-programadas, com supervisão e auxílio técnido da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau).
Representantes de instituições públicas e privadas presentes na reunião se comprometeram a verificarem a possibilidade de envolver a comunidade acadêmica em ações específicas a serem realizadas no retorno às aulas, as chamadas “acolhidas”, ou até mesmo por meio do “trote consciente”.
Outro ponto levantado é a possibilidade da impressão de pequenos informes nas contas de luz e água, reforçando as orientações à população, bem como a possibilidade de auxilio na identificação de imóveis fechados e abandonados.
De acordo com o secretário municipal de Governo e Relações Institucionais, Antonio Lacerda, o objetivo é envolver a iniciativa privada e a sociedade cívil organizada definindo assim ações estratégicas para otimizar o trabalho de enfrentamento ao mosquito.
“É preciso que estejamos juntos, se quisermos ter êxito nesta tarefa. Envolver a sociedade civil organizada e buscar parcerias no âmbito público ou privado é fundamental para que nós possamos desenvolver ações integradas que sejam realmente efetivas”, disse.
O prefeito Marquinhos Trad destaca que há 25 anos já se discutia estratégias de enfrentamento e combate ao mosquito Aedes aegypti, à época conhecido somente pela transmissão da dengue, e de lá pra cá, infelizmente, pouco se avançou em relação a mudança de comportamento da população.
“Os levantamentos oficiais mostram que 80% dos focos são encontrados dentro das residências e não nos terrenos baldios ou locais abandonados como muitos pensam. Portanto, cabe a cada um de nós fazer a sua parte. É uma questão de consciência. Não basta apenas o Poder Público atuar. Essa é uma batalha de toda a sociedade. Por isso estamos iniciando uma série de ações, chamando a sociedade civil organizada, instituições públicas e privadas, conclamando toda a população para fazer parte desta corrente. Vamos agir e evitar que os campo-grandenses sofram mais uma vez por conta das doenças provocadas por este mosquito”, enfatiza.
Segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, o que chama a atenção é a mudança de característica do mosquito e o aumento do potencial de letalidade. Este ano três pessoas já morreram em decorrência da dengue em Mato Grosso do Sul, sendo 1 em Campo Grande.
“No passado, o mosquito só se proliferava em água limpa e parada e hoje não é mais assim. Qualquer ambiente que acumule água pode ser considerado um criadouro em potencial. Além disso, o mosquito também está resistente as mudanças climáticas. Outro fator que nos preocupa é quanto o perfil dos óbitos registrados este ano. Todos eram jovens e não apresentavam comorbidades, considerando que até então se sabia que a dengue causava estragos maiores em idosos portadores de doenças crônicos ou imunodeprimidos”, disse.
Estiveram presentes na reunião representantes da OAB-MS, Solurb, Unigran Capital, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), SEST/SENAC, Sebrae, Câmara dos Dirigentes Logistas (CDL), Águas Guariroba, Rede Comper de Supermercados, Assaí Atacadista, Unimed e Cassems.
Operação Mosquito Zero
Nesta quarta-feira (22), às 09 horas, a Prefeitura lança a campanha “Mosquito Zero”, na escola municipal Fauze Scaff Gattass Filho, no bairro Nova Campo Grande. Uma megaoperação de combate ao mosquito Aedes aegypti envolvendo todas as secretarias. A ação deve durar em torno de 10 dias.
Dados epidemiológicos
Os dados epidemiológicos relativos aos 15 primeiros dias de 2020 mostram um número significativo de notificações de suspeitas de dengue feitas ao serviço de vigilância epidemiológica. Desde o início do ano foram 284 notificações, sendo que um óbito, de um homem de 30 anos, já foi confirmado.
Além dessas ainda foram registradas três notificações de Zika Vírus e uma de Chikungunya, que ainda estão passando por processo de avaliação laboratorial para confirmar ou não as suspeitas.
Durante todo o ano de 2019 foram registrados 39.417 casos notificados de dengue em Campo Grande, sendo 19.647 confirmados e oito óbitos.
Apesar dos números expressivos impulsionados pela epidemia do último ano, o mês de dezembro fechou com aproximadamente 45% a menos de casos registrados no ano anterior.
Infestação pelo Aedes
O primeiro LIRAa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes Aegypti) realizado no ano, divulgado nesta semana, revela que sete áreas foram classificadas com o risco de surto de doenças transmitidas pelo mosquito.
O número de áreas em alerta praticamente dobrou, em comparação com o último LiRaa divulgado em novembro do ano passado, passando de 22 para 42 áreas. Dezoito áreas permanecem com índices satisfatórios. O índice mais alto foi detectado na área de abrangência da USF Iracy Coelho, com 8,6% de infestação. Isso significa que de 233 imóveis vistoriados, em 20 foram encontrados depósitos. A área da USF Azaleia aparece em segundo com 7,4% de infestação, seguido da USF Jardim Antártica, 5,2%, USF Alves Pereira, 4,8, USF Sírio Libanês, 4,4%, Jardim Noroeste, 4,2% e USF Maria Aparecida Pedrossian (MAPE), 4,0%.
Doenças transmitidas pelo mosquito:
Dengue
A infecção por dengue pode ser assintomática, leve ou causar doença grave, levando à morte. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele.
Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Na fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas, entre outros sintomas. Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde.
Chikungunya
Os principais sintomas são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Não é possível ter chikungunya mais de uma vez. Depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito. O mosquito adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período em que o vírus está presente no organismo infectado. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.
Zika
Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. No geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, a dor nas articulações pode persistir por aproximadamente um mês. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem, excepcionalmente, evoluir para óbito, como identificado no mês de novembro de 2015, pela primeira vez na história.
Observe o aparecimento de sinais e sintomas de infecção por vírus Zika e busque um serviço de saúde para atendimento, caso necessário.