Morreu nesta sexta-feira, aos 87 anos, o jornalista Sérgio Noronha, ex-comentarista que trabalhou durante muitos anos na TV Globo e na Rádio Globo. Ele sofria do Mal de Alzheimer e estava internado há 10 dias no Hospital Rio Laranjeiras, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde sofreu uma parada cardíaca.
A informação foi confirmada pelo Retiro dos Artistas e pelo amigo Arnaldo Cezar Coelho, companheiro de trabalho de longa data do comentarista e que o ajudava a se manter na instituição que abriga artistas idosos em dificuldade financeira. Ele não tinha parentes próximos no Rio.
Torcedor do Vasco, Noronha teve uma pneumonia no Retiro dos Artistas e ficou internado sete dias no CTI do hospital. Na última quinta-feira, ele foi transferido para o quarto, mas passou mal e teve uma parada cardíaca. Ainda não há informações sobre velório e enterro.
Galvão Bueno, que dividiu a cobertura dos jogos da Copa do Mundo de 1982 na Espanha com Sérgio Noronha, fez um agradecimento público ao amigo:
– A imprensa brasileira perdeu um dos grandes nomes de toda a sua história. Eu, pessoalmente, perdi um grande amigo e um mestre. Faço sempre questão de frisar a parceria que fiz com Sérgio Noronha na Copa do Mundo de 82 na Espanha na Rede Globo. Ali, aprendi muito. Noronha me ensinou a ser um profissional mais completo e uma pessoa humana muito melhor. Que Deus o receba com muito amor e muito carinho, “Seu Nonô”.
Ex-comentarista de arbitragem da TV Globo, Arnaldo Cezar Coelho se emocionou ao lembrar do amigo:
– Perdi um amigo (chora). Conheci Seu Nonô quando ele jogava futebol na Urca na década de 60. Ele era o cara que sentava no paredão e ficava me pressionando quando era juiz. Ali conheci ele. Depois ele foi para o Jornal do Brasil, Rádio Globo… A vida toda foi meu companheiro, um parceiro de vida toda de frequentar a minha casa.
Ex-jogador e hoje comentarista, Júnior também prestou sua homenagem ao amigo de coberturas:
– O Sérgio Noronha foi um ícone do jornalismo esportivo brasileiro. Primeiro no jornal, depois na rádio, e posteriormente na televisão. Tive um prazer muito grande de trabalhar com o Sérgio e aprendi muito com ele. Ainda mais que entrei no seu lugar quando ele saiu da TV Globo, e eu comecei a comentar. Agradecimento é muito grande a tudo aquilo que ele fez, não só pelo jornalismo, mas por mim também.
Também ex-jogador e atual comentarista, Walter Casagrande foi mais um que se comoveu com a notícia e fez questão de gravar uma homenagem:
– Quando cheguei em 97 à TV Globo, o Sérgio Noronha já estava lá. Foi um orgulho trabalhar com ele, fiz várias transmissões com ele porque era um jornalista muito conceituado naquela época, de Copa do Mundo, colunas em jornais… Eu aprendi muito com o Sérgio Noronha porque no início, quando cheguei à TV Globo, não tinha muita experiência como comentarista. Trabalhando juntos, saindo depois de partidas para jantar e conversar, e ouvir histórias, eu evoluí muito na convivência com ele. Era um jornalista super conceituado, viu muita coisa, sabia muita coisa, participou de diversas coisas importantes no futebol. É uma perda que não dá para reparar. É uma pena receber essa notícia, entristece um pouco o meu dia. Era uma pessoa que eu gostava muito e vai deixar muita saudade.
José Carlos Araújo, que também trabalhou com Noronha, lamentou o falecimento e elogiou o amigo:
– Um do maiores talentos que conheci no jornalismo esportivo. O melhor texto que já vi. Um profissional completo. Era um homem multimídia numa época que era difícil ser. O último emprego dele fui eu que consegui, na TV Bandeirantes. Era aparentemente mal-humorado, mas era uma pessoa da melhor qualidade. Baita de um talento. Sinto muito a falta dele. Queria muito enaltecer a atitude do Arnaldo Cezar Coelho, que o ajudou muito nesses últimos anos.
Um dos grandes jornalistas da sua geração, Sérgio Noronha deixou sua marca no jornal, no rádio e na TV. Carioca, ele nasceu no dia 28 de dezembro de 1932. Estudou Letras na Faculdade Lafayete quando, aos 22 anos, começou a trabalhar na revista O Cruzeiro. Em 1959, virou repórter do Jornal do Brasil e passou ainda pelos jornais Diário Carioca, Correio da Manhã e Última Hora, além das revistas Senhor e TV Guia.
Chegou em 1975 à TV Globo, onde comentou as Copas do Mundo de 1978, 1982, 2002 e 2006. Passou também pela TV Educativa, Rádio Globo, Rádio Tupi e SporTV. Voltou à TV Globo em 1999 e ficou por mais 10 anos. Seus últimos trabalhos foram na TV Bandeirantes em 2009 e Canal Premiere em 2011. Além de repórter e comentarista, foi ainda redator, secretário de redação, editor de esportes e colunista.
Por Guilherme Oliveira e Ricardo Bernardes — Rio de Janeiro