O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kallil (PSD), alertou neste domingo (26), com exclusividade ao G1, que a cidade ainda está em estado de risco geológico. “Não se enganem com este sol que começa a aparecer, porque há previsão de novas chuvas”.
Segundo a Defesa Civil, o alerta vale até o dia 31 de janeiro. O alto volume de chuva dos últimos dias deixou o solo encharcado e propenso a deslizamentos.
Na capital mineira, foram registradas 12 mortes entre sexta e sábado. Cinco pessoas estavam em uma mesma casa, no bairro Jardim Alvorada, quando o imóvel desabou. “Nós retiramos [a família] da casa durante o dia. A família voltou, a casa desabou e morreu todo mundo. Estou alarmando, sim”, disse prefeito. A Defesa Civil já confirmou oito mortes na capital mineira.
Na Região do Barreiro, na Vila Bernadete, 7 pessoas morreram soterradas. Cinco foram resgatadas neste domingo.
Alexandre Kalil fez um apelo para que as pessoas que vivem em áreas de risco e forem orientadas a deixar suas casas, só retornem com autorização da Defesa Civil.
Segundo Kalil, quase 300 pessoas estão numa pousada reservada pela prefeitura. “Quem estiver numa situação assim, procure as regionais. São nove”, afirmou.
Emergência e mortes no estado
O governo de Minas Gerais afirmou na manhã deste domingo (26) que decretou situação de emergência em 47 cidades do estado por causa da chuva. A Defesa Civil de Minas Gerais confirmou 37 mortes pela chuva no estado desde a sexta-feira (24).
A Defesa Civil havia confirmado 38 óbitos, mas depois voltou atrás e disse ser 37. Um óbito de Carangola, na Zona da Mata, foi retirado.
De acordo como o órgão, 25 pessoas seguem desaparecidas. Doze pessoas ficaram feridas. Até a manhã deste domingo a Defesa Civil contabilizava 3.354 desabrigados e 13.687 desalojados.
A cidade com mais mortes confirmadas é Belo Horizonte: 8; Betim tem 6 e Ibirité, 5 (veja tabela abaixo).
Defesa Civil volta atrás a confimra 37 mortes. Inicialmente órgão falou em 38 — Foto: Reprodução/Defesa Civil
Belo Horizonte
Bombeiros trabalham na Vila Bernadete, em BH. Sete corpos foram localizados na região. — Foto: Elton Lopes / TV Globo
Cinco corpos foram localizados neste domingo na Vila Bernadete, na Região do Barreiro em Belo Horizonte. Dois corpos foram localizados no sábado. Na região, sete pessoas morreram no total: uma mãe e três filhos; e um casal e um bebê. Bombeiros vão finalizar o resgate e entregar a área para a perícia da Polícia Civil.
A Prefeitura de BH afirmou que as buscas foram encerradas no Jardim Alvorada, Região da Pampulha. Cinco pessoas de uma mesma família morreram no local, os corpos foram resgatados. A administração municipal diz que a família havia sido retirada da área de risco pela Defesa Civil e levada para um abrigo. Depois, as vítimas voltaram para a casa e na noite de sexta ocorreu o desmoronamento que vitimou as 5 pessoas.
A prefeitura alerta. “Se vir alguma modificação, trinca, movimentação de terra, saia, mas principalmente se algum órgão solicitar a sua saída não retorne ao local até que receba a comunicação desses órgãos de que é seguro voltar”, alerta a Prefeitura de Belo Horizonte.
Betim
Já em Betim, no bairro Jardim Teresópolis, a avó de crianças feridas em um desabamento deu uma entrevista muito emocionada à TV Globo. Val Reis criticou a demora do Corpo de Bombeiros para chegar ao local e exaltou o trabalho de voluntários do Jardim Teresópolis.
“A comunidade do Jardim Teresópolis, Beco Fagundes, foi essencial para meus parentes estarem vivos hoje porque foram os primeiros a chegar. Quero agradecer a bombeiro civil que chegou também…[…] O bombeiro [Corpo de Bombeiros] demorou demais. Se a minha família dependesse dos bombeiros eles tinham morrido todos. Demorou demais. A gerência do Corpo de Bombeiros gente, vão pensar mais aí na periferia. O povo na Savassi [bairro na Região Centro-Sul de BH] não tá caindo casa não, mas nós na favela tá desmoronando. O povo está morrendo, e a corporação não chega”, afirmou.
O G1 entrou em contato com o Corpo de Bombeiros e, até a última atualização desta reportagem, não havia obtido retorno.
Defesa Civil volta atrás a confimra 37 mortes. Inicialmente órgão falou em 38 — Foto: Reprodução/Defesa Civil
Donativos
Defesa Civil, Servas e Cruz Vermelha fazem campanha para receber doações em Minas
A Defesa Civil, Servas e Cruz Vermelha fazem campanha para arrecadação de donativos para as mais de 2.500 pessoas desalojadas e 911 desabrigadas em todo o estado após as chuvas que já duram quatro dias consecutivos.
Os pedidos são para doações de materiais de limpeza e de higiene pessoal, colchoes, fraldas e alimentos não perecíveis.
As doações devem ser entregues nos seguintes locais:
– Ponto de apoio da Cruz Vermelha: Av Úrsula Paulino, 1555, Bairro Betânia
“A comunidade do Jardim Teresópolis, Beco Fagundes, foi essencial para meus parentes estarem vivos hoje porque foram os primeiros a chegar. Quero agradecer a bombeiro civil que chegou também…[…] O bombeiro [Corpo de Bombeiros] demorou demais. Se a minha família dependesse dos bombeiros eles tinham morrido todos. Demorou demais. A gerência do Corpo de Bombeiros gente, vão pensar mais aí na periferia. O povo na Savassi [bairro na Região Centro-Sul de BH] não tá caindo casa não, mas nós na favela tá desmoronando. O povo está morrendo, e a corporação não chega”, afirmou.
– Sede da Cruz Vermelha: Alameda Ezequiel Dias, 427, Centro
– Servas: Avenida Cristóvão Colombo, 683, Funcionários
Cidades em emergência:
- Abre Campo
- Alto Caparaó
- Alto Jequitibá
- Belo Horizonte
- Betim
- Brumadinho
- Caeté
- Caparaó
- Carangola
- Cataguases
- Congonhas
- Contagem
- Divino
- Dores do Turvo
- Ervália
- Espera Feliz
- Guidoval
- Ibiaí
- Ibirité
- Luisburgo
- Manhuaçu
- Mariana
- Mateus Leme
- Matipó
- Monjolos
- Muriaé
- Nova Lima
- Orizânia
- Patrocínio de Muriaé
- Pedra Bonita
- Raposos
- Raul Soares
- Ribeirão das Neves
- Rio Acima
- Sabará
- Santa Bárbara
- Santa Luzia
- Santa Margarida
- São Gonçalo do Sapucaí
- Sarzedo
- Senador Firmino
- Simonésia
- Taquaraçu de Minas
- Teófilo Otoni
- Tocantins
- Ubá
- Visconde do Rio Branco
Previsão do tempo
Minas continua sob alerta de chuva neste domingo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet):
Alerta 1 – As condições meteorológicas são favoráveis à ocorrência de acumulado de chuvas (de 30 a 60mm/h ou 50 a 100 mm/dia), acompanhadas de rajadas de vento ocasional (acima de 60 km/h) em áreas isoladas do Noroeste, Norte, Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce, no dia 26/01/2020.
Alerta 2 – As condições meteorológicas são favoráveis à ocorrência de chuvas intensas (de 20 a 30mm/h ou até 50 mm/dia), acompanhadas de descargas atmosféricas e rajadas de vento ocasional (acima de 60 km/h) em áreas isoladas na Central Mineira, Metropolitana de Belo Horizonte, Zona da Mata, Campo das Vertentes e Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, no dia 26/01/2020.
Segundo o Inmet, Belo Horizonte teve o dia mais chuvoso dos últimos 110 anos, com medição feita entre às 9h de quinta e às 9h de sexta-feira (24). A capital mineira segue também em alerta para risco geológico até a próxima sexta-feira (31).
Por Patrícia Fiúza, G1 Minas — Belo Horizonte