A viúva do mecânico que morreu em acidente de trabalho na usina hidrelétrica de Jupiá, entre Castilho (SP) e Três Lagoas (MS), em dezembro do ano passado, está processando a empresa em que o marido trabalhava, a PowerChina Brasil Construtora Ltda, pedindo uma indenização por danos morais e materiais.
A PowerChina prestava serviço na hidrelétrica. O G1 tentou entrar em contato com a empresa, mas até a última atualização da reportagem não obteve retorno.
A reportagem também fez contato com empresa que tem a concessão da operação da hidrelétrica, a CTG Brasil. A empresa disse que não recebeu qualquer intimação noticiando a existência de demanda judicial promovida por qualquer dos familiares do mecânico. Aponta ainda que se solidariza com “o evento ocorrido” e diz que “adotou todas as providências junto a PowerChina de forma que fosse prestada, de imediato, a assistência devida aos familiares”.
O mecânico Roni de Souza Arcini, de 34 anos, morreu no dia 9 de dezembro. Ele estava fazendo a montagem de uma peça quando a pá de uma das turbinas caiu sobre ele. O mecânico foi socorrido, levado em estado grave ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Três Lagoas, mas não resistiu.
A esposa de Roni, Tamires Barbosa Arcini, de 30 anos, está grávida. A gestação é de uma menina. Está na 28ª semana e é considerada de risco. Por recomendação médica ela precisa de repouso absoluto. Essa será a segunda filha do casal, que já tem uma menina de 12 anos.
Segundo Tamires, após o acidente com o marido, a empresa se limitou a pagar somente pelo sepultamento dele e depois uma internação dela de três dias e uma ultrassonografia, usada para diagnosticar uma infecção que ela contraiu durante o velório.
Depois, de acordo com a viúva, ela nunca mais recebeu qualquer tipo de assistência da empresa pela qual seu marido trabalhava. “Fui completamente abandonada”, afirmou, completando que como era Roni que sustentava a casa, ela não conseguiu mais se manter e teve que mudar de Mato Grosso do Sul e ir morar com os pais no Paraná.
Em razão da situação, a viúva conta que decidiu processar a empresa. “Eu quero justiça por ele, porque ele era um homem muito bom para mim e para a nossa filha”, afirmou Tamires, que faria 15 anos de casamento no dia seguinte à morte do marido.
“Ele não pode ter morrido em vão, ele trabalhava certinho, até quando estava doente”, disse, completando que dói saber que o marido não estará presente no nascimento da segunda filha e que, se não fossem seus pais, estaria totalmente desamparada. “A nossa vida mudou completamente, a gente se vira de um lado para outro e ele não está mais perto de nós”, lamentou.
O advogado que representa a viúva, Eduardo Lemos Barbosa, diz que na próxima segunda-feira (3 de fevereiro) vai ocorrer a primeira audiência do processo, na 2ª Vara Trabalhista de Três Lagoas. Ele explica que o valor pedido na indenização por danos materiais leva em conta que Roni estava trabalhando no momento do acidente, seu salário e sua expectativa de vida, enquanto que o pedido por danos morais considera a situação de Tamires e de sua filha.
“Pedimos uma liminar para que a viúva receba com a tutela antecipada pelo menos parte desse valor, porque a situação dela e da filha é muito difícil. Além da perda do marido ainda enfrentam a falta de recursos. Acreditamos que a Justiça será sensível a toda essa situação”, avaliou.
G1 MS