Moradores de favelas, de comunidades pobres, estão adotando medidas de isolamento contra o novo coronavírus. Nessas casas de milhões de brasileiros, a necessidade de assistência financeira é urgente.
A vida é difícil na periferia de Duque de Caxias, Baixada Fluminense.
Repórter: “Tem torneira na pia da cozinha na casa da senhora?”
Sabrina Almeida, desempregada: “Não. Torneira meu marido nem botou, porque a gente não usa. Tem que pegar a água aqui, botar no balde, levar para dentro e colocar na pia”.
Repórter: “Qual é a renda na casa da senhora hoje?”
Sabrina: “Nesse momento, a renda está sendo zero”.
Na Baixada Fluminense, bairros pobres concentram uma população muito grande de pessoas desempregadas ou que vivem na informalidade. Muitas delas, mulheres chefes de família que dependem da renda diária para sobreviver.
Renda que desapareceu das mãos da Edineide Santana. Ela sustenta seis filhos. Vende bolos que faz em casa. “Eu dependo do dinheiro do dia a dia para manter eles dentro de casa, porque é única renda que, no momento, estamos tendo. Por causa dessa epidemia, parou”, conta.
Rosinalva da Silva é diarista, sofre com a falta de trabalho e entende a necessidade do isolamento. “Está sendo muito complicado para a gente. Eu não tenho como levar o alimento para a minha casa. Ao mesmo tempo, nós sabemos que é necessário esse afastamento para que essa doença venha a ser parada. Porque não tem como nós ficarmos indo e vindo, trazendo a doença de lá para cá ou levando daqui para lá”, diz.
É justamente essa a preocupação da dona de casa Kátia Maria de Jesus. O filho dela sustenta a casa com biscate e quer sair para tentar arranjar alguma coisa. “Ele quer ir, só que eu não vou deixar ele ir, não. Por causa dessa doença, para não contaminar ele, nem a casa nem ninguém”, explica.
Nas favelas, há urgência. Quem tem que correr dia a dia para garantir comida na mesa está pedindo ajuda. “Nós precisamos de um olhar de carinho. Uma casa que tem cinco filhos e que tem dez pessoas dentro de um cômodo. Como é que esse cara vai sair para trabalhar? Fazer o biscate, ir para feira livre? Não tem como colocar essas pessoas na rua”, afirma a voluntária Maria Chocolate.
“Perigoso demais. A gente não sabe quem está com a doença, quem pode passar a doença. Acho que até passar essa crise de doença, as pessoas têm que se manter em casa,. Mas os governantes deveriam nos ajudar. É um direito nosso. É dever da gente trabalhar? Sim, trabalhamos para isso, pagamos nossos impostos. É descontado. Acho que agora os direitos das pessoas têm que ser respeitados”, fala a dona de casa Helena Ferreira.
Por Jornal Nacional