O Instituto Butantan aguarda há uma semana a certificação para começar a realizar testes para o diagnóstico de coronavírus. A certificação tem que ser dada pelo Instituto Adolfo Lutz, que é vinculado à Secretaria Estadual da Saúde. Nesta quarta-feira (1), o Lutz autorizou mais três laboratórios do interior paulista a fazer testes: um na Unicamp, um na Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e outro no Hospital das Clínicas na mesma cidade.
As instalações de um novo laboratório no Instituto Butantan começaram na quarta-feira (25). O espaço recebeu uma pipetadora e equipamentos de extração do RNA do vírus e de RT-PCR automatizados, conforme informado em nota ao G1. O Butantan também já adquiriu os primeiros lotes de reagentes necessários para a realização dos exames e está implementando um software de rastreabilidade de amostras.
O que falta para começar a operar são as tratativas para certificação do processo e a autorização para emissão de laudos, o que, segundo o Instituto Butantan, deve acontecer nos próximos dois dias. A partir daí, os processos começarão a ser escalonados e, em operação plena, o laboratório será capaz de analisar até mil amostras por dia, podendo chegar a 2 mil análises diárias.
Com a certificação, o Butantan vai poder produzir os exames, realizar os testes, emitir o laudo e mandar os resultados para a Secretaria da Saúde para incluir no cálculo diária dos casos confirmados.
16 mil testes aguardam análise
O Instituto Adolfo Lutz tem 16 mil exames na fila esperando análise, declarou o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, Zona Sul de São Paulo, nesta quarta-feira (1º). Desses, 201 são de pessoas que já morreram e devem ficar prontos até esta quinta-feira (2). O laboratório central da instituição tem uma capacidade de 1.200 exames por dia.
O secretário disse que os insumos necessários foram importados dos Estados Unidos, que forneceu 20 mil kits de processamento de exames.
“Mais 40 (mil) chegarão ao cabo dos próximos 10 dias. Isso dá ao Lutz e aos seus laboratórios regionais, e também o Instituto Butantan, uma condição melhor de matéria-prima”, afirmou.
De acordo com Germann, o Centro Estadual de Análises Clínicas também passa a fazer a partir desta quarta-feira (1º), 200 testes diários para o covid-19. A partir de segunda-feira (6), o local passará a fazer 720 exames por dia. Além disso, o secretário anunciou a contratação de um laboratório privado que fará mais 720 exames diários.
“Estamos conversando com mais dois fornecedores, laboratórios privados, para poderemos fazer um número maior ainda. Ao cabo da próxima semana teremos 4.140 exames novos e por volta do dia 10 atingiremos 8 mil exames por dia.”
Nesta quarta-feira (25), mais três laboratórios do interior foram autorizados a fazer diagnóstico da Covid-19 por RT-PCR : o Hospital de Clínicas da Universidade de campinas (Unicamp), a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto e o Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A autorização foi publicada no Diário Oficial do Estado.
Os testes
Existem dois tipos principais de testes para o novo coronavírus. O mais preciso é o RT-PCR: amostras de secreção do nariz e garganta são coletadas com uma haste flexível. Primeiramente, o genoma do vírus é sequenciado. Depois, é retirada uma parte da sequência que, colocada na presença do vírus, é sinalizada.
Outros modelos de teste podem apresentar um resultado cruzado – mostrar um falso positivo, detectando uma resposta do corpo a outra doença. No caso do PCR, é uma detecção específica do vírus coronavírus, o que diminui o risco.
O segundo tipo de diagnóstico é o rápido por fluorescência. O teste, protocolado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mostra o resultado de 15 a 30 minutos. Ele tem uma coleta similar à do PCR: um cotonete (swab) retira amostra das vias respiratórias e é colocado em um reagente. A vantagem está no fato de o teste sair mais rápido e, assim, o paciente começar o isolamento mais cedo.
O teste detecta o vírus: o reagente, ao entrar em contato com o coronavírus, provoca uma reação por meio de fluorescência. A tecnologia é coreana e aguarda a aprovação da Anvisa e, então, terá um valor determinado para venda.
Por Bárbara Muniz Vieira, G1 SP — São Paulo