Campo Grande, 16 de setembro de 2024

Como ministro da Ucrânia trava nas redes ‘guerra digital’ contra Rússia

O ministro ucraniano para Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, de 31 anos, tem pressionado gigantes da tecnologia para que boicotem a Rússia, convocando hackers a partirem para o ataque e conseguindo com que Elon Musk mova satélites para beneficiar a Ucrânia. Ele deu uma entrevista exclusiva à BBC por email.

De seu abrigo subterrâneo numa localização secreta em Kiev, capital da Ucrânia, o mais jovem ministro do gabinete ucraniano pode ouvir bombas caindo e o barulho de sirenes. Mas, enquanto seu amigo, o presidente do país, reúne forças para a guerra física na superfície, Fedorov e sua equipe estão travando uma diferente espécie de guerra contra a Rússia.

Usando suas armas preferidas – as mídias sociais e o telefone celular -, Fedorov lançou campanhas de destaque e bem-sucedidas para convencer executivos-chefes de grandes empresas a cortar laços com Moscou.

Ele também tomou a medida até então inédita de estabelecer um “Exército de TI [tecnologia da informação] da Ucrânia” para lançar ataques cibernéticos contra “o inimigo”. Seu trabalho está sendo celebrado como uma parte vital do esforço de guerra, mas nem toda sua campanha está sendo bem recebida internacionalmente.

Aos 31 anos, Fedorov criou seu papel no governo em torno de seu estilo de vida e suas paixões – ele vive em seu telefone celular. Suas fotos no Instagram mostram um homem jovem em forma e preocupado com sua imagem, que gosta de organizar fotos profissionais de si mesmo, sua mulher e sua filha.

Uma porta-voz diz que ele montou uma academia de ginástica em seu escritório e, antes da invasão russa, era conhecido por marcar sessões de exercícios entre reuniões.

Os riscos do ataque russo à usina nuclear na Ucrânia
Resumo: Por que a Rússia invadiu a Ucrânia

Rápida ascensão

Fedorov ascendeu rapidamente no meio político depois de comandar a parte digital da campanha eleitoral extremamente bem-sucedida do presidente Volodymyr Zelensky. Agora, ele é um dos três vice-primeiros-ministros da Ucrânia.

Antes da invasão russa, seu principal objetivo era criar um “Estado no celular”, em que 100% dos serviços governamentais seriam oferecidos online. Esse projeto está agora suspenso, com toda força dedicada ao esforço de guerra digital.

A equipe de Fedorov tem sido incansável em sua campanha para pressionar empresas multinacionais a boicotar a Rússia. Apple, Google, Meta, Twitter, YouTube, Microsoft, Sony, Oracle… Nenhuma gigante da tecnologia ficou sem receber uma carta oficial do governo ucraniano.

É nas mídias sociais, porém – Twitter, Instagram, Facebook, e Telegram – que Fedorov está obtendo seu maior sucesso. Um tuíte para Elon Musk fez com que o magnata bilionário da tecnologia ajustasse sua constelação de satélites Starlink e enviasse um caminhão cheio de terminais prontos para operar internet para a Ucrânia, em 48 horas.

Compartilhe

Facebook
Twitter
WhatsApp