Campo Grande, 16 de setembro de 2024

Russofobia, o outro efeito devastador da guerra de Putin

As forças russas comandadas por Vladimir Putin avançam na Ucrânia na mesma proporção em que cresce a russofobia contra a diáspora espalhada pelo Ocidente, num fenômeno semelhante ao que vivenciou a comunidade muçulmana após os atentados de 11 de Setembro.

Atos hostis aos expatriados chegam ao extremo do contrassenso. Estudantes enfrentaram boicotes e foram excluídos de palestras em universidades na República Tcheca, onde vivem 50 mil russos. O deputado conservador Tom Tugendhat, que preside o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Comuns, defendeu a expulsão dos cidadãos russos do Reino Unido.

A onda de cancelamentos tem efeitos devastadores na cultura. Filmes russos foram banidos de festivais; artistas, de exposições que já estavam programadas, disseminando, desta forma, a ideia de que o russo comum é o verdadeiro inimigo.

Nem Dostoiévski, que morreu há 141 anos e foi preso sob acusação de conspirar contra o Czar Nicolau I, escapou da censura: a Universidade Bicocca achou por bem suspender o curso de quatro aulas que o escritor Paolo Nori daria sobre a obra do autor russo.

O objetivo da reitoria era evitar confusão pelo momento tenso, mas a medida atraiu tanta polêmica que a universidade acabou por voltar atrás e manter o curso. O Carnegie Hall e o Metropolitan Opera de Nova York anunciaram que não apresentarão mais artistas que apoiaram Putin.

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