KIEV — Jogadora de handebol, freira e traficante de drogas foram algumas das ocupações da sérvia Danijela Lazović antes de se juntar às tropas separatistas russas na região de Donestk, na Ucrânia, em 2014. Na última sexta-feira, forças do país, em guerra com a Rússia de Vladimir Putin, anunciaram ter capturado a mulher, que, como sniper, teria matado cerca de 40 pessoas ao longo dos últimos oitos anos. O governo sérvio, porém, nega que a mulher detida seja Danijela, marcando um novo episódio na briga por versões sobre o conflito.
A prisão da sérvia foi divulgada em nota do Ministério da Defesa ucraniano. Segundo o texto, Lazović é apontada como sendo a responsável por assassinar prisioneiros ucranianos em 2014. Entre as 40 mortes atribuídas pelo Exército ucraniano a ela, estariam as de civis.
“Qualquer um que matar civis em nossa terra enfrentará uma retribuição iminente. As Forças Armadas cuidarão disso”, conclui a nota.
O ministério do Interior da Sérvia, porém, divulgou um comunicado afirmando que Danijela, na verdade, está presa em Požarevac desde outubro de 2020.
“Foi presa em outubro de 2020 e está na Penitenciária de Požarevac desde então, cumprindo pena de seis anos de prisão, e, portanto, não pôde participar da guerra ou ser capturado na Ucrânia”, informou a pasta, conforme publicado no jornal Blic.
‘Pantera Negra’
A combatente é bastante conhecida entre os militares e usa o apelido de Bagheera — nome da pantera negra de “O Livro da Selva”, que inspirou a adaptação de “Mogli: O menino lobo”. As autoridades compartilharam um registro de uma identidade militar da presa e alegaram que seria falsa. Constava no livreto o nome Irina Starikova, supostamente nascida em Donetsk.
Danijela, por sua vez, nasceu em Gornji Milanovac, onde seus pais e irmã ainda vivem. Ela foi para o Leste da Ucrânia em 2014 como integrante do Regimento de Voluntários Hussardo da Sérvia, uma unidade paramilitar em que operaram combatentes de guerras que ocorreram na região em 1990. A atiradora também já apareceu em propagandas de portais russos.
A Procuradoria de Belgrado teria iniciado uma investigação contra a atiradora em 2015, por suspeita de participação em um conflito armado estrangeiro. Conforme reportagem da rádio Free Europe, porém, nenhum processo foi conduzido contra ela na Sérvia por travar guerra contra a Ucrânia.