Representação encaminhada à Procuradoria da República pela deputada eleita Bella Gonçalves (Psol) denuncia que o candidato recebeu R$ 100 mil de um doador que foi investigado pela Polícia Federal em 2018.
Por Fernando Zuba, g1 Minas — Belo Horizonte
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Prestação de contas do candidato Nikolas Ferreiras (PL). — Foto: Reprodução
O Ministério Publico Federal (MPF) vai analisar uma representação feita contra Nikolas Ferreira (PL), deputado federal eleito mais votado no Brasil e na história de Minas Gerais. A deputada estadual eleita Bella Gonçalves (PSOL), responsável pela representação, denuncia que o candidato recebeu R$ 100 mil do empresário Ronosalto Pereira Neves, segundo ela, “investigado pelo recebimento de vantagens indevidas por Aécio do grupo da JBS no período de 2014 a 2017.”
O valor equivale a 35,7% da arrecadação declarada pelo candidato, conforme divulga o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo a representação, o empresário doador Ronosalto Pereira Neves é “notoriamente conhecido em decorrência das investigações da Operação Ross, conduzida pela Polícia Federal perante o Supremo Tribunal Federal (STF).”
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Representação aponta suspeitas na prestação de contas de Nikolas Ferreira. — Foto: Reprodução
Ainda de acordo com o documento encaminhando ao MPF, “surge a suspeita de que os valores recebidos, inclusive outros eventualmente não declarados, sejam originários de doação empresarial ou possuam ainda outra origem ilícita”.
“Caso confirmados tais fatos, a conduta pode configurar captação ilícita de recursos para campanha eleitoral e abuso do poder econômico, com repercussões no âmbito eleitoral, sem prejuízo das demais esferas criminal e cível”, destaca a representação, pedindo que, caso comprovadas ilicitudes, sejam tomadas as medidas cabíveis.
O que diz o MPF
A assessoria de comunicação do MPF disse que a representação foi recebida e distribuída para o Ministério Público Eleitoral, “onde vai passar por uma análise preliminar para verificar qual encaminhamento será adotado.”
O que diz Nikolas Ferreira
“As doações para minha campanha foram todas realizadas de forma totalmente espontânea, sem que eu participasse de nenhuma tratativa com os doadores. A doação do Sr. Ronosalto não foi diferente, ele demonstrou interesse em realizar a doação e minha equipe tratou da parte burocrática.
Após a notícia de que ele seria um suposto intermediador de propinas, nos averiguamos na justiça e não vimos nenhuma ação criminal em que ele se encontra como Réu. Diante disso, procuramos os advogados do Sr. Ronosalto e ele nos disse o seguinte: ‘O supermercado do qual é sócio o Sr. Ronosalto adquiria e adquire até hoje um grande volume de produtos produzidos pela JBS. Em 2014, muito antes de qualquer investigação, uma pequena parte dos produtos adquiridos foi paga em dinheiro, o que não é ilegal e era comum na época. O destino do valor que foi dado pela JBS depois do pagamento não é responsabilidade do empresário e não havia qualquer suspeita de irregularidade na época. Somente depois de alguns anos apareceram as suspeitas de propinas a políticos, mas diretamente pela JBS e o empresário foi chamado a prestar esclarecimentos. Tudo foi demonstrado às autoridades policiais e fiscais e ficou comprovado que não houve qualquer irregularidade por parte dele. É um empresário sério, respeitado, com muitos anos de mercado e não deve nada à justiça.’
Assim sendo, me mantenho tranquilo quanto a representação proposta pela Vereadora, pois sei que minha campanha foi feita de forma limpa e mais transparente possível, sem usar nenhum centavo de dinheiro público, conseguindo conquistar o feito de Deputado mais votado do Brasil e com um dos votos mais baratos do país. Tudo isso dentro da mais ampla legalidade e transparência que a Justiça Eleitoral e meus eleitores exigem!”, disse em nota.
O que diz a defesa de Ronosalto Pereira Neves
“Ronosalto Pereira Neves confirma a realização de doação no valor de R$100.000,00 (cem mil reais) à campanha de Nikolas Ferreira, deputado federal eleito em 2022, utilizando recursos próprios declarados nos termos do que dita a legislação eleitoral vigente.
Além disso, quanto à menção aos questionamentos realizados à época da Operação Ross, apresentada na Representação, informa que foi chamado a prestar esclarecimentos à Receita Federal do Brasil acerca da quitação de títulos em dinheiro, emitidos pela aquisição de produtos cárneos da empresa JBS S.A., para revenda na rede de supermercados da qual é sócio.
A operação de compra dos produtos foi considerada integralmente regular pelas autoridades e o senhor Ronosalto Pereira Neves sequer chegou a ser processado”, disse a defesa de Ronosalto.
Nikolas Ferreira
Nikolas Ferreira (PL), o deputado federal mais votado do Brasil e da história de Minas Gerais, tem 26 anos e nasceu em Belo Horizonte. Atualmente, ele é vereador da capital mineira – eleito em 2020 com 29.388 votos. Quando foi eleito, ganhou pelo PRTB.
Ele se diz conservador, defensor dos costumes e contra a corrupção.