Campo Grande, 15 de maio de 2025

Bolsonaro gastou 9 milhões com manutenção do Palácio da Alvorada sem incluir alimentação

Em evidência após a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, apontar má conservação, o Palácio da Alvorada registrou gastos milionários com manutenção enquanto Jair Bolsonaro era morador. Apenas nos dois primeiros anos do governo anterior foram R$ 9 milhões, segundo dados da Secretaria-Geral da Presidência fornecidos via Lei de Acesso à Informação na gestão passada. Ainda não há um balanço fechado dos custos de todo o período em que Bolsonaro ocupou a residência oficial.

Mesmo nos dados fornecidos, as informações sobre o que compunha as despesas não foram detalhadas. Na época em que o dado foi divulgado, o governo apenas alegou que não estavam incluídos gastos com alimentação, que são sigilosos. Ainda de acordo com a Secretaria-Geral, esses gastos ficaram em torno de R$ 6 milhões ao ano entre 2015 e 2018, período anterior a Bolsonaro.

Já as despesas com energia elétrica e água do Alvorada são públicas. Em 2021, último ano com informações completas, foram gastos R$ 959 mil em luz, com uma média mensal de R$ 79 mil. Na conta de água, foram R$ 967 mil — uma média de R$ 80 mil por mês.

Outros gastos foram divulgados ao longo dos anos, com publicações no Diário Oficial da União (DOU). Nesses casos, contudo, uma mesma contratação pode ser utilizada para diversas unidades da Presidência, incluindo as outras residências oficiais e até mesmo o Palácio do Planalto.

Em janeiro de 2021, por exemplo, foi fechado um contrato de R$ 66 mil para a restauração de tapetes. No ano passado, foram assinados contratos para a manutenção de piscinas e para serviços de lavanderia, ao custo de R$ 30 mil e R$ 25 mil mensais, respectivamente.

Em abril deste ano, a Presidência também previu gastar, no período de um ano, até R$ 139 mil para o fornecimento de rações para animais, incluindo as emas, peixes e cachorros que vivem no Alvorada.

Nesta semana, Janja apontou problemas de conservação no Alvorada, em entrevista à GloboNews gravada dentro do local. Há infiltrações, janelas quebradas, danos em tapetes e sofás rasgados, por exemplo. Ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se mudaram para o local e só devem fazer isso após a residência oficial passar por uma reforma.

Alguns dos gastos ocorrem por meio do cartão corporativo do governo federal e são sigilosos. Em 2021, após reportagens sobre o aumento de despesas por meio do dispositivo, Bolsonaro reclamou que não poderia bancar toda a manutenção com seu salário.

— Por exemplo, tem umas 50 emas aqui. Você quer que eu pague do meu salário a ração pra ema? Vai no cartão corporativo. Tem um lago lá embaixo com peixe lá, nunca comi um peixe dali, nunca molhei a mão no lago. Tem coisa que eu nem tomo conhecimento aqui. Aqui deve ter, vou chutar, uns 50 trabalhadores na casa. Querem que eu pago com o meu salário? — afirmou, em conversa com apoiadores no local.

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