Presidente brasileiro também visitará o Uruguai e terá cinco reuniões bilaterais
Por Jeniffer Gularte — Buenos Aires
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na noite deste domingo em Buenos Aires, na Argentina, para dar início a sua primeira viagem internacional desde a posse. Ele chegou ao Aeroparque Jorge Newbery por voltas das 21h acompanhado da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de assessores. O petista fica em solo argentino até terça-feira. No dia seguinte, cumprirá agendas no Uruguai. Ao todo, ele deverá ter cinco reuniões bilaterais.
A viagem tem por objetivo repavimentar as pontes com alguns dos principais parceiros do Brasil na América Latina, parte deles abaladas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na Casa Rosada, sede do governo argentino, Lula sera recebido pelo presidente Alberto Fernández. Eles vão tratar sobre a agenda econômica de interesses em comum dos dois países e reafirmar pontos de convergência. A relação entre as duas nações foi uma das que ficaram estremecidas durante a gestão anterior brasileira.
Nesta segunda-feira, Lula e Fernandéz vão assinar um acordo de cooperação logística e de desenvolvimento nas áreas de ciência e tecnologia voltados à Antártida, onde o Brasil mantém uma base militar.
Na terça-feira, Lula participará da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para formalizar a volta do Brasil ao bloco, abandonado pelo governo Bolsonaro em 2019.
Com a Argentina em sua presidência temporária, o grupo reúne 33 países. O presidente brasileiro fará um discurso de cerca de sete minutos. Ele deverá ressaltar seu compromisso com a integração entre as nações parceiras. Lula também pretende abordar a importância da cooperação internacional em áreas fundamentais, como meio ambiente e diplomacia.
— Estamos vivendo em um mundo muito mais complexo. A integração agora é mais importante do que há 20 anos, para que permita que a região tenha voz no mundo — afirmou ao GLOBO Celso Amorim, ex-chanceler do primeiro período do petista no Planalto e atual assessor especial do presidente para assuntos internacionais.
Após a Celac, Lula deve ter entre quatro e cinco reuniões bilaterais com chefes de Estado. Estão previstas conversas com os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Lula deverá argumentar com os colegas que isolar países é um erro. Com Maduro, deverá ser debatida a relação da Venezuela no Mercosul, bloco do qual o país vizinho foi suspenso em 2016.
A primeira viagem internacional de Lula após a posse terminará em Montevidéu, onde o presidente se reunirá com o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou. No encontro, previsto para o final da manhã de quarta-feira, o petista se empenhará em reorganizar a relação do Brasil com o país vizinho.
Um dos pontos a serem discutidos com Lacalle Pou são as negociações bilaterais do Uruguai com a China, fora do Mercosul, comportamento que era estimulado pelo governo Bolsonaro, que também não cultivava relações harmônicas com os chineses, principais parceiros comerciais do Brasil no mundo. Lula deverá discutir com o colega formas de fortalecer o Mercosul.