José Eduardo Natale aparece em imagens do circuito interno conversando com extremistas e não efetuou prisões. Ele afirmou ainda que tirou o paletó e a arma antes de entrar no palácio invadido para se ‘infiltrar’.
Por Fernanda Vivas e Márcio Falcão, TV Globo — Brasília
Em depoimento à Polícia Federal, o major José Eduardo Natale, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que deu água aos invasores do Palácio do Planalto em 8 de janeiro para os acalmar.
Natale aparece nas imagens de circuito interno do palácio conversando com os extremistas e, em determinado momento, distribuindo garrafas d’água. Ele não efetuou prisões.
Natale prestou depoimento no domingo (23), junto com outros 8 militares do GSI. As investigações buscam saber se houve omissão de agentes públicos durante a invasão, ou mesmo conluio com os invasores.
“Que os manifestantes questionaram de forma exaltada que local era aquele, ocasião na qual respondeu que se tratava de uma copa; que então os manifestantes exigiram que lhes dessem água; que o declarante entregou algumas garrafas de água com o intuito de acalmá-los e que não danificassem a copa e ainda solicitou que saíssem do local”, registrou a PF sobre o depoimento de Natale.
A divulgação de imagens do circuito interno levou à demissão, na semana passada, do então ministro do GSI, Gonçalves Dias.
À PF, Natale disse ainda que, antes de entrar no palácio invadido, tirou o paletó e a arma para se “infiltrar” em meio aos extremistas.
“Que retirou o paletó, a gravata e a pistola para infiltrar-se no palácio tomado pelos manifestantes, a fim de conter danos, bem corno evitar o furto de sua arma, já que estava sozinho”, relatou o major.
Ordem de prisão
O tenente-coronel Marcus Vinícius Braz afirmou que houve uma ordem de prisão dos extremistas, dada pelo ex-ministro Gonçalves Dias.
“Sabe que a ordem de prisão dos manifestantes veio do general Gonçalves Dias, mas não sabe precisar se isso teria ocorrido em virtude de desobediência da ordem de desocupação. A ordem para prender foi dada ao coronel Wanderli, e o declarante não presenciou”, registrou a PF.
Alerta era de ‘animosidade baixa’
O coronel Wanderli Baptista, também do GSI e também presente no Planalto no momento da invasão, afirmou no depoimento que o órgão havia recebido da polícia militar o aviso de que as manifestações de bolsonaristas marcadas para o dia 8 eram de “animosidade baixa”.
“Que especificamente com relação ao dia 8 de janeiro de 2023, teve uma comunicação da PM de que haveria uma manifestação de animosidade baixa”, afirmou o coronel.