Jogadora lidera seleção à virada contra Sérvia e revela recado a rivais durante o jogo
Por João Gabriel Rodrigues — Brasília
“Joga a bola em mim, c***”.
A explosão de Thaísa para o outro lado da rede no quarto set tinha razão de ser. Foram vários ataques sérvios seguidos à sua procura. A resposta foi imediata. Depois de defender e soltar o braço na sequência para pontuar, a bicampeã olímpica bateu no peito e soltou o recado em meio a alguns palavrões. Ao incendiar o jogo e liderar o Brasil à virada contra a Sérvia na Liga das Nações, a central deu razão a todos os pedidos por sua volta ao longo dos últimos cinco anos. E ela confessa: estava com saudades.
– Eu adoro isso. Eu sou movida a essa raiva. Eu sou movida a jogo duro, a jogo lá em cima. Eu falei isso porque elas estavam atacando na minha direção. Falei para mandar para cá porque não ia rodar, não ia cair. Acredito que essa energia contagia as meninas. Porque a Carol também é assim. Daqui para frente, não tem jogo fácil. Vai ser sempre assim.
Thaísa deixou a quadra com 17 pontos. Foram nove bloqueios, oito ataques e um ace. A bicampeã olímpica chamou a responsabilidade no momento decisivo. No tie-break, chegou a marcar três pontos seguidos para dar folga ao Brasil na liderança.
A central deixou a quadra eufórica. Ao passar pela zona mista, parecia que ainda estava no jogo. Elétrica, ressaltou a importância de jogos assim. Ainda mais para um time em formação.
– O negócio é saber jogar na dificuldade e saber ganhar. É assim que se forma um time. Ficar jogando jogo fácil não existe. A gente só vai ter jogos difíceis. Eu acredito muito que o time cresce nesses momentos. O time está de parabéns. A gente tem de melhorar, sim; errar menos. Defender melhor em algumas situações. Mas o time está de parabéns.
Brasil festeja ponto contra a Sérvia — Foto: Mauricio Val/FVImagem/CBV
O Brasil teve dificuldades no começo. No primeiro set, não conseguiu marcar os ataques rivais e teve problemas junto à rede. Aos poucos, porém, cresceu no bloqueio. Foram 18 pontos no total, nove só de Thaísa.
– A gente não estava conseguindo encontrá-las no começo. Eu fiquei muito tempo fora, não as conheço muito bem. A gente vai pegando o timing do jogo. Começamos a tocar mais no bloqueio. É importante ter essa paciência. Na hora que está valendo é que você tem de fazer. Na hora que estava valendo, a gente fez.
À beira da quadra, Zé Roberto assistiu com empolgação à performance de Thaísa. Depois de cinco anos sem poder contar com a central, viu sua velha conhecida fazer a diferença mais uma vez.
– É essa Thaísa que a gente viu nascer, viu começar. Pareceu uma menina de 19, 20 anos jogando pela seleção nacional. Com entusiasmo, com vontade, falando com todo mundo. Isso passa. Essa energia passa. Principalmente para as jogadoras mais jovens. Quando veem uma jogadora que é bicampeã olímpica, se comportando dessa maneira, correndo como ela está correndo, é muito legal. É um grande exemplo para todos nós. Ela chama o jogo. É uma jogadora que todo mundo tem de ficar preocupado junto à rede. Foi muito legal. Ela acertou nessa decisão de voltar. E está nos ajudando muito. Em tudo.
O Brasil folga nesta sexta-feira na Liga das Nações. A seleção volta à quadra neste sábado, às 14h, contra a Alemanha. O sportv2 transmite a partida ao vivo, e o ge acompanha tudo em tempo real.