Um “samba em quatro rodas”, segundo palavras do próprio, deixou o técnico Marcelo Gallardo enjoado, mas não tirou seu bom humor para a entrevista coletiva do River Plate ao lado do goleiro Armani, nesta sexta-feira à tarde, no Estádio Monumental de Lima, palco da final da Copa Libertadores contra o Flamengo, no sábado, às 17h (de Brasília). Muñeco brincou sobre as aceleradas e freadas constantes do motorista que o transportou e confirmou logo na primeira pergunta a escalação do time, sem alterações, como chegou a ser cogitado nos últimos dias: Armani; Montiel, Martínez Quarta, Pinola e Casco; Nacho Fernández, Enzo Pérez, Palacios e De La Cruz; Borré e Suárez, no esquema 4-1-3-2.
– Quase joga Manu Lanzini… – brincou Gallardo, fazendo um trocadilho em castellano sobre o nome do meia-atacante revelado pelo River, com passagem pelo Fluminense, e que atualmente defende o West Ham, e o verbo lanzar, vomitar na sua língua.
Riu muito em seguida e chegou a esquecer qual tinha sido a primeira pergunta. Mas logo se recompôs, confirmou os 11 titulares e voltou a ser elogioso ao Flamengo ao longo de toda a entrevista. Só que fez questão de mostrar confiança no papel de defensor de título do River.
– Considero que estamos competindo por uma conquista que as duas equipes chegam em ótimas condições na final. Parece que temos boas chances para conseguir. Única coisa que espero é que seja um bom espetáculo de futebol. Considero que termos muitos bons valores em campo. Os condimentos começam depois que a bola rola – disse Gallardo.
A questão emocional voltou a ser analisada como muito importante pelo técnico.
O sentimiento teve peso desde a entrevista coletiva. Na penúltima pergunta, Gallardo interrompeu o jornalista quando esse afirmou que pela primeira vez o River não seria tão favorito numa final.
– Somos candidatos! Acreditamos que somos candidatos.
“Temos as mesmas chances de ser campeão que o Flamengo”
– Somos os últimos campeões. Até porque é preciso demonstrar isso no campo – disse Gallardo.
O confronto entre dois times que jogam ofensivamente também foi tema. Gallardo se esquivou um pouco, mas deu pistas de que a abertura do placar deve ter um papel preponderante para o placar final.
– Difícil saber se vamos ter muitos gols na final. As duas equipes jogam bem, gostam de estar com a bola. Pode ser um jogo muito dinâmico com o correr dos minutos. Uma partida que pode dar uma boa chance para quem fizer o primeiro gol. Mas os dois times não sabem ficar especulando com a bola. Podemos imaginar que vai ser um confronto com boas sensações futebolísticas.
Na última resposta, Gallardo fez uma ode aos hinchas que viajaram da Argentina para a capital peruana de ônibus. Seus olhos marejaram, não mais pelo enjoo da viagem do hotel até o estádio, mas por toda a sua trajetória no River e a ligação que tem com o clube desde os tempos de jogador.
– Atravessam deserto para nos ver. Essa equipe nos representa. Nós nos identificamos com esse esforço do torcedor. Os jogadores sabem disso e jogam por isso. Deixam tudo em campo.
A final entre Flamengo e River Plate está marcada para 17h (de Brasília), às 15h da capital peruana, no Estádio Monumental de Lima. A TV Globo e o GloboEsporte.com transmitem ao vivo.
Por Felipe Barbalho e Guido Nunes — Lima, Peru