Campo Grande, 22/01/2020 às 12:38
A Prefeitura de Campo Grande lançou na manhã desta quarta-feira (22) a operação “Mosquito Zero – É matar ou morrer”, em solenidade realizada na Escola Municipal Professor Fauze Scaff Gattass Filho, Bairro Nova Campo Grande, localizado na região Imbirussu, a primeira a receber a ação. Mais de 350 pessoas, entre servidores municipais e colaboradores, estarão mobilizados nas ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegipty que serão extendidas para as sete regiões urbanas do município nos próximos 70 dias e irão envolver diversos órgãos municipais, instituições públicas e privadas e a iniciativa privada.
Segundo o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, o momento exige união, sendo o envolvimento de toda a sociedade extremamente importante para vencer a guerra contra o mosquito.
“Há mais de 20 anos já se discute ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, que à época era conhecido somente por transmitir a dengue. Neste período o mosquito se adaptou e passou a transmitir outras doenças e nós ainda continuamos sofrendo. Portanto o momento é de unirmos enforços e fazer a nossa parte para não deixar o mosquito vencer”, diz.
O que preocupa, segundo o prefeito, ainda é a falta de conscientização de boa parte da população e a insistência em não colaborar.
“Os levantamentos nos mostram que 80% dos focos do mosquito ainda são encontrados dentro das casas. Onde, infelizmente, muitas vezes nós não conseguimos alcançar. Mas o morador precisa ter a consciência e fazer a sua parte. Portanto, não basta somente o Poder Público agir, é preciso a colaboração de todos. Somando as forças com certeza nós teremos sucesso nesta missão e vamos impedir que mais vidas sejam ceifadas por doenças transmitidas por este mosquito”, reforça.
O secretário de Saúde José Mauro Filho destaca que uma outra dificuldade relatada pelos agentes de campo é a dificuldade de entrar em imóveis fechados, onde há uma grande concentração de focos. Mapeamento feito pela Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) identificou a existência de mais de 4 mil imóveis fechados somente na região central de Campo Grande.
“Isso nos chamou a atenção e foi o que nos fez buscarmos a parceria das demais secretarias o que culminou com essa megaoperação. Hoje sabemos que aproximadamente 20% dos imóveis estão fechados ou existe recusa por parte do morador para que o agente possa fazer o seu trabalho e isso somente potencializa o problema”, disse.
Moradora do bairro Jardim Carioca há mais de 30 anos, a dona de casa Mirian de Souza Rolon, 62, é um exemplo e vítima da falta de consciência.
“Eu sempre mantive o meu quintal limpo, mas eu e o meu marido acabamos pegando dengue há uns quatro anos. Descobrimos que o vizinho estava com a casa tomada por lixo e cheio de criadouros do mosquito. Então, não adianta só a gente fazer a nossa parte. É preciso que todo mundo colabore”, disse.
Os trabalhos na região Imbirussu devem durar em torno de 10 dias e contemplarão a limpeza de terrenos públicos, transporte de materiais inservíveis descartados, alocação pontual e temporária dos descartes em locais previamente definidos, fiscalização e autuação de descartes irregulares, visita às casas pelos agentes de combate às endemias para detecção de focos, limpeza, orientação e conscientização da população sobre os riscos e consequências das doenças transmitidas pelo mosquito.
Paralelamente, a Prefeitura se encarregará de fazer o trabalho de limpeza dos espaços públicos, incluindo praças e parques sob a sua administração.
Durante o período de ação, será realizada uma grande gincana que, conforme as regras a serem estabelecidas, premiará os moradores que mais contribuírem com a limpeza do bairro e região, envolvendo toda a comunidade e contribuindo assim de maneira efetiva na eliminação de potenciais criadouros do mosquito.
Pontos de descarte
Foram disponibilizados quatro pontos de transbordo para que os moradores da região possam fazer o descarte de materiais inservíveis de grande e pequeno volume, como geladeiras, televisores, sofás, camas, entre outros.
Área 01: Av. Amaro Castro Lima com Av. 2 – Nova Campo Grande (lateral E.M. Fauze Scaff Gattass Filho)
Área 02: Acesso Nice com R. Principal nr. 5 – Núcleo Industrial
Área 03: R. Itamirim e R. Antônio Pereira Veríssimo – Altos do Panamá
Área 04: Ecoponto Panamá – R Sagarana com Av. José Barbosa Rodrigues, Bairro Panamá
Mosquito Zero
A expectativa é de que até abril as sete regiões de Campo Grande tenham recebido uma ação semelhante, conforme cronograma pré-definido.
- 1ª Semana – Imbirussu.
- 2ª Semana – Anhanduizinho.
- 3ª Semana – Bandeira.
- 4ª Semana – Prosa.
- 5ª Semana – Lagoa.
- 6ª Semana – Segredo.
- 7ª Semana – Centro.
Parcerias
As ações de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti deve contar com apoio de empresas, entidades e instituições públicas e privadas do Estado, que irão contribuir de forma estratégica nas ações de enfrentamento, conscientização e sensibilização da população, conforme plano de atuação a ser estabelecido por cada ente. Ontem (21), representantes destas instituições ser reuniram com o prefeito Marquinhos Trad para discutir as propostas de engajamento.
As instituições devem auxiliar, sobretudo, na divulgação e propagação de informações sobre prevenção e os cuidados em geral para evitar a proliferação do Aedes aegypti, além da mobilização de seus colaboradores/servidores em ações de bloqueio pré-programadas, com supervisão e auxílio técnico da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau).
Ações
Desde agosto do ano passado, a Prefeitura tem intensificado as ações de enfrentamento ao mosquito, antecipando a chegada dos períodos críticos, de chuva e calor. As equipes da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Sesau tem realizado diariamente o trabalho de orientação e eliminação de criadouros do mosquito.
Além de inspeções em residências, é feita a vistoria em pontos estratégicos, áreas consideradas de maior risco de proliferação de mosquito e que exigem um trabalho específico, a exemplo de borracharias, oficinas mecânicas, pontos de recicláveis, construções, casas e construções abandonadas.
Recomendações
Durante as visitas, os profissionais de saúde orientam os munícipes a seguirem os cuidados necessários: nunca deixar ao ar livre qualquer recipiente propenso a acumular água, manter a limpeza de terrenos e quintais em dia, instalar telas nas janelas, colocar areia até a borda dos vasos de planta, manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo, acondicionar pneus em locais cobertos, limpar e trocar a água de bebedouros de animais, proteger ralos pouco usados com tela ou jogar água sanitária.
Infestação pelo Aedes
Conforme o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo o Aedes aegypti (LIRAa), sete áreas de Campo Grande foram classificadas com o risco de surto de doenças transmitidas pelo mosquito.
O número de áreas em alerta praticamente dobrou, em comparação com o último LiRaa divulgado em novembro do ano passado, passando de 22 para 42 áreas. Dezoito áreas permanecem com índices satisfatórios.
O índice mais alto foi detectado na área de abrangência da USF Iracy Coelho, com 8,6% de infestação. Isso significa que de 233 imóveis vistoriados, em 20 foram encontrados depósitos. A área da USF Azaleia aparece em segundo com 7,4% de infestação, seguido da USF Jardim Antártica, 5,2%, USF Alves Pereira, 4,8, USF Sírio Libanês, 4,4%, Jardim Noroeste, 4,2% e USF Maria Aparecida Pedrossian (MAPE), 4,0%.
Dados epidemiológicos
Segundo informação da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica até o dia 21 de janeiro foram notificados 974 casos de dengue em Campo Grande. Um óbito, de um homem de 30 anos, já foi confirmado.
Além dessas, ainda foram registradas três notificações de Zika Vírus e uma de Chikungunya, que ainda estão passando por processo de avaliação laboratorial para confirmar ou não as suspeitas.
Durante todo o ano de 2019, foram registrados 39.417 casos notificados de dengue em Campo Grande, sendo 19.647 confirmados e oito óbitos.
Apesar dos números expressivos, impulsionados pela epidemia do último ano, o mês de dezembro fechou com aproximadamente 45% a menos de casos registrados no ano anterior.