Uma força-tarefa, composta por pesquisadores chineses e americanos, foi formada para se chegar à produção de uma vacina contra o coronavírus. A equipe reúne representantes de três instituições dos Estados Unidos: da Baylor College of Medicine, de Houston, da Universidade do Texas e do New York Blood Center.
Os cientistas americanos estão trabalhando em conjunto com os profissionais da Fudan University, de Xangai, de acordo com informações da agência de notícias do governo da China.
Apesar da mobilização em torno do desenvolvimento da vacina, a origem do surto ainda está em debate na comunidade científica. Um estudo, publicado na terça-feira (21) na revista “Science China Life Sciences”, patrocinado pela Academia Chinesa de Ciências de Pequim, associou o coronavírus a uma cepa existente em morcegos.
Já outra pesquisa, publicada na última quarta (22) no Journal of Medical Virology, apontava a cobra como “o mais provável reservatório” do vírus entre os animais selvagens.
No mesmo dia, no entanto, o britânico David Robertson, da Universidade de Glasgow, e o chinês Jiang Xiaowei, da Universidade Xian Jiaotong-Liverpool, escreveram, em um fórum de discussão médica, que o novo coronavírus se aproxima de outros três coronavírus de morcegos.
Eles analisaram dados públicos do genoma do coronavírus de Wuhan.
Nesta quinta (23), cientistas de elite da Academia Chinesa de Ciências ratificaram que o genoma do coronavírus era 96% idêntico ao de morcegos e 79,5% ao que causava a síndrome respiratória aguda (SARS), que matou mais de 700 pessoas entre 2002 e 2003.
Em meio à discussão, a comunidade científica também diverge sobre o impacto e o padrão de transmissão do vírus. Alguns pesquisadores apontam que o vírus não é tão transmissível de uma pessoa a outra quanto o da SARS. Outros, porém, alertam que o impacto do coronavírus atual pode ser bem maior que o da síndrome.
“Em uma estimativa conservadora, a escala de infecção pode ser eventualmente 10 vezes mais que a SARS”, disse Guan Yi, professor de virologia da Universidade de Hong Kong, de acordo com a South China Morning Post.
Mesmo com os avanços nos estudos, se desenvolverem uma vacina, ainda deve demorar para aplicá-la. A projeção mais otimista no momento é de que os testes em humanos comecem em três meses, declarou à Bloomberg o diretor de Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci.
Peter Hotez, decano da Escola de Medicina da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, explicou em entrevista à agência estatal chinesa que o desenvolvimento de uma vacina não é um processo rápido. “Não está claro se ficaria pronta para uso antes que essa epidemia atual termine”, disse.
De acordo com os últimos dados divulgados, 41 pessoas morreram na China e mais de 900 foram infectadas no mundo até o momento. Três cidades já estão sob quarentena, a principal delas Wuhan.
Os transportes públicos foram suspensos e lojas e espaços de entretenimento, fechados. Moradores relataram dificuldades em comprar comida. Prateleiras de mercados ficaram vazias, a exemplo das ruas do município.
Época/ Rodrigo Castro