Um adolescente indonésio contou pela primeira vez como se salvou depois que um peixe-agulha saltou do mar e atravessou seu pescoço.
Muhammad Idul, que estava pescando com um amigo, foi jogado para fora do barco com o impacto — nadou em desespero até a praia e foi levado às pressas para o hospital, a cerca de 90 minutos de carro.
O fato de o jovem de 16 anos ainda estar vivo, sorrindo e contando esta história se deve a um amigo com raciocínio rápido, um pouco de sorte — e cirurgiões muito cuidadosos.
O ferimento transformou Muhammad em uma espécie de celebridade, depois que as fotos do peixe cravado em seu pescoço viralizaram ao redor do mundo.
Em entrevista exclusiva à BBC Indonésia, serviço da BBC em indonésio, cinco dias após o acidente, ele conta que era para ser apenas uma pescaria noturna com um amigo de escola, Sardi.
“O barco de Sardi partiu primeiro, eu fui depois em outro barco”, relembra. “A cerca de 500 metros da praia, Sardi acendeu a lanterna. Um peixe-agulha saltou de repente da água e cravou meu pescoço.”
Muhammad caiu do barco e afundou na água escura. As mandíbulas longas, finas e afiadas do peixe atravessaram seu pescoço, logo abaixo do queixo até a base do crânio.
Se não bastasse isso, o peixe continuava se debatendo, empurrando o adolescente para baixo d’água, enquanto tentava escapar.
Muhammad pegou o peixe e o segurou com força, esperando assim evitar piorar o ferimento.
“Pedi para o Sardi ajudar — ele me impediu de tentar remover o peixe para evitar uma hemorragia”, relembra.
Os meninos conseguiram nadar de volta à praia com Muhammad segurando o peixe de 75cm de comprimento nos braços e ainda preso a seu pescoço.
O pai de Muhammad, Saharuddin, o levou às pressas para um hospital em Bau-bau, a cerca de uma hora e meia de sua vila em South Buton, nas Celebes do Sudeste (Sulawesi Tenggara, em indonésio).
Os médicos foram capazes de cortar o peixe, fazendo com que só a cabeça do animal permanecesse no corpo do jovem — mas não conseguiram remover o bico do pescoço de Muhammad, porque não tinham o equipamento adequado.
Por causa disso, eles precisaram ir para ainda mais longe, até um hospital em Makassar, capital das Celebes do Sudeste.
Mapa de Celebes do Sudeste, na Indonésia — Foto: Arte G1
Mesmo no Hospital Wahidin Sudirohusodo, de grande porte, a equipe médica ficou surpresa com o que viu. O diretor da unidade, Khalid Saleh, disse que foi o primeiro caso do gênero.
Cinco especialistas removeram cuidadosamente o que restava do peixe em uma cirurgia de uma hora.
Cinco dias depois, Muhammad está ansioso para voltar para casa: seu pescoço está enfaixado e não dói mais. Ele ainda não consegue movê-lo para a direita, mas está sorrindo.
“Estamos monitorando a condição dele. Ele pode receber alta em alguns dias, mas ainda não pode voltar para sua vila porque precisa fazer mais exames”, explica Khalid Saleh.
O incidente também não diminuiu o amor de Mohamed pela pesca.
“Só preciso ter mais cuidado da próxima vez. O peixe-agulha não tolera luz — foi por isso que ele saltou da água e me furou”, diz o jovem.
Se não bastasse isso, o peixe continuava se debatendo, empurrando o adolescente para baixo d’água, enquanto tentava escapar.
As mandíbulas longas, finas e afiadas do peixe atravessaram o pescoço do jovem — Foto: Reprodução/Facebook/BBC