Em seu primeiro clássico à frente do Fluminense, o técnico Odair Hellmann levou a melhor sobre o Flamengo: 1 a 0, gol de Nenê, pela 4ª rodada da Taça Guanabara. Em uma equipe ainda com diversos desfalques, o treinador viu seu time enfrentar dificuldades ao jogar sem atacante de referência na área, mas, no fim, fazer valer a experiência diante do jovem time rubro-negro.
Como o próprio treinador ressaltou na coletiva pós-jogo, o Tricolor ainda precisa corrigir erros e tem muito a crescer. E a equipe vem conseguindo aliar o processo de evolução aos resultados: é a única do Carioca com 100% de aproveitamento, com 12 pontos em quatro jogos.
– A equipe vai conseguindo evoluir dentro da nossa ideia. É passo a passo. Tivemos pouco tempo ainda. Estamos muito no início. Vai ter outras coisas a corrigir. Mas que bom que teremos coisas a corrigir, mas com 12 pontos.
Técnico Odair Hellmann dá instruções a jogadores do Fluminense — Foto: Lucas Merçon
Time sem homem de referência no ataque
Apesar da boa campanha, o Fluminense ainda não encontrou sua formação ideal para o ataque, principalmente na questão do centroavante. Enquanto Evanilson recupera-se de lesão e Fred é um sonho que ainda não virou realidade, as peças à disposição ainda não se firmaram. Neste cenário, Odair escalou o time sem um homem de referência na área: Matheus Alessandro na esquerda, Yago na direita, e Nenê e Miguel por dentro.
– A ideia era ter mais ainda a bola. Dois jogadores por dentro que têm um passe de muita qualidade.. Trabalhamos para que os dois não fizessem esse movimento de recuar ao mesmo tempo. Quando um viesse, o outro faria o movimento de infiltração, assim como os jogadores de lado, principalmente o Matheus. Queria tentar esse controle para fazer as infiltrações. E sabia que tinha jogadores com essas características (de referência) para o 2º tempo – explicou.
Miguel, em Fla-Flu — Foto: Lucas Merçon
A estratégia, no entanto, não surtiu o efeito pretendido pelo técnico, tanto por questões de atuação, quanto pelas características de alguns jogadores. Com Nenê recuando com frequência para buscar jogo, coube ao garoto tentar os espaços mais à frente. Mas entre os zagueiros, o jovem de 16 anos não conseguiu repetir o brilho da goleada sobre o Bangu.
Pelos lados, Matheus Alessandro tinha dificuldades em dar continuidade aos lances pela esquerda, enquanto o meia Yago não se mostrava totalmente à vontade aberto na direita. O Flu tentava entrar na área trocando passes, mas se precipitava ao forçar as jogadas e parava na defesa adversária.
No 2º tempo, Odair colocou Lucas Barcelos em um primeiro momento e depois Felippe Cardoso, nos lugares de Matheus Alessandro e Miguel, e passou a jogar com um homem de referência. Ambos, no entanto, tiveram atuações discretas e a mudança do esquema não foi decisiva para o resultado do jogo.
Pressão na marcação e velocidade
E o gol decisivo acabou vindo de um contra-ataque iniciado após roubada de bola de Hudson no campo de defesa, em que o Nenê abriu para Yago e depois correu para a área. O veterano mostrou inteligência e talento para pegar o rebote de calcanhar e surpreender a defesa rubro-negra.
Hudson em Fla-Flu — Foto: Lucas Merçon
Gol que exemplifica algumas das características já implementadas por Odair: foco, intensidade, pressão na marcação e saída em velocidade. Com esses quesitos como alguns dos pilares, o treinador já vai, aos poucos, dando sua cara ao time.
Nenê, calcanhar, Fluminense, Fla-Flu — Foto: André Durão
No setor defensivo, o time tricolor ainda mostrou que precisa de entrosamento e um pouco mais de organização. Alguns erros de saída de bola geraram lances de perigo para o adversário. Um deles surgiu após bolada de Henrique em Hudson. Outro, após Luccas Claro e Egídio se atrapalharem. No fim, Lucas Barcelos foi desarmado ao tentar contra-ataque e Muriel impediu o empate.
Como Odair ressaltou na coletiva pós-jogo, a temporada ainda está no começo. Ainda há muita margem para evolução e também peças importantes para ficarem à disposição, como Ganso, Evanilson, Marcos Paulo, Fernando Pacheco, Michel Araújo, Nino e, quem sabe, Fred. E, claro, nada melhor do que evoluir com vitórias.
Por Edgard Maciel de Sá, Felipe Siqueira e Paula Carvalho