Campo Grande, 22 de abril de 2025

John Lewis é o primeiro parlamentar negro a ser velado na Rotunda do Capitólio, em Washington

O corpo do congressista John Lewis chegou à Rotunda do Capitólio dos EUA na tarde desta segunda-feira (27), onde será velado enquanto os demais parlamentares prestam homenagens ao antigo legislador da Geórgia e ícone do movimento pelos direitos civis.

Lewis morreu aos 80 anos, de câncer no pâncreas, em 17 de julho.

 O caixão do congressista John Lewis é carregado nas escadarias do Capitólio, em Washigton, na segunda-feira (27) — Foto: Brendan Smialowski/Pool via AP

O caixão do congressista John Lewis é carregado nas escadarias do Capitólio, em Washigton, na segunda-feira (27) — Foto: Brendan Smialowski/Pool via AP

A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, liderou uma delegação que foi à Base Andrews, em Maryland, para receber o caixão coberto de bandeiras de Lewis. A carreata parou na Black Lives Matter Plaza, perto da Casa Branca, passando por Washington antes de chegar ao Capitólio, onde o falecido congressista se torna o primeiro parlamentar negro a ser velado na Rotunda.

Pelosi e outros participaram de uma cerimônia privada na Rotunda antes que o corpo de Lewis seja movido para os degraus no lado leste do Capitólio para uma exibição pública, uma movimentação incomum, necessária porque a pandemia de Covid-19 fechou o Capitólio ao público.

O cortejo com o caixão do congressista John Lewis passa por trecho da 16th Street que foi renomeado Black Lives Matter Plaza, em Washington, a caminho do Capitólio, na segunda-feira (27) — Foto: AP Photo/Pablo Martinez Monsivais

O cortejo com o caixão do congressista John Lewis passa por trecho da 16th Street que foi renomeado Black Lives Matter Plaza, em Washington, a caminho do Capitólio, na segunda-feira (27) — Foto: AP Photo/Pablo Martinez Monsivais

Dentro e fora da Rotunda, placas alertam os visitantes de que o uso de máscaras é necessário.

O candidato presidencial democrata Joe Biden, que serviu no Congresso ao lado de Lewis, deve visitar o Capitólio para prestar sua homenagem. Os dois se tornaram amigos nas duas décadas que passaram juntos no Capitólio e nos dois mandatos de Biden como vice-presidente de Barack Obama, o primeiro presidente negro do país, que concedeu a Lewis a Medalha Presidencial da Liberdade em 2011.

Notavelmente ausente das cerimônias estava o presidente Donald Trump, que se desentendeu publicamente com Lewis. Lewis uma vez chamou Trump de presidente ilegítimo e o repreendeu por alimentar discórdia racial. Trump rebateu ao considerar o distrito congressional de Lewis em Atlanta como “infestado de crimes”.

Trump anunciou que não iria ao Capitólio, mas o vice-presidente Mike Pence deve prestar sua homenagem ainda nesta segunda-feira.

Logo antes das cerimônias, a Câmara aprovou um projeto de lei para estabelecer uma nova comissão federal para estudar as condições que afetam homens e meninos negros.

Vários membros do Black Caucus do Congresso, incluindo os representantes Cedric Richmond, da Louisiana, Bennie Thompson, do Mississippi, e Karen Bass, da Califórnia, foram vistos com máscaras faciais com a inscrição “Good Trouble”, um aceno para um dos conselhos favoritos de Lewis.

“Não se perca em um mar de desespero. Seja esperançoso, seja otimista”, tuitou Lewis em 2018. “Nossa luta não é a luta de um dia, uma semana, um mês ou um ano, é a luta de uma vida. Nunca, tenha medo de fazer barulho e ter problemas, problemas necessários”.

Trajetória

Lewis nasceu em Troy, no Alabama, em 1940. Era o quarto de dez irmãos de uma família de camponeses e cresceu em uma comunidade totalmente negra, onde rapidamente sentiu a segregação pela cor da pele.

Foto de 23 de fevereiro de 1965 mostra diretor de segurança pública Wilson Baker falando sobre os perigos de manifestações noturnas no início de uma marcha em Selma, no Alabama. John Lewis está no primeiro plano do lado direito  — Foto: Associated Press

Foto de 23 de fevereiro de 1965 mostra diretor de segurança pública Wilson Baker falando sobre os perigos de manifestações noturnas no início de uma marcha em Selma, no Alabama. John Lewis está no primeiro plano do lado direito — Foto: Associated Press

Tinha apenas 21 anos quando se tornou um dos fundadores dos “Passageiros da Liberdade”, que lutaram contra a segregação racial no sistema de transporte público americano no início dos anos 1960.

Dois anos depois, quase morreu em uma manifestação antirracista pacífica em Selma, Alabama, quando teve um crânio fraturado pela polícia.

Foto de 7 de março de 1965 mostra um policial agredindo John Lewis durante marcha pelos direitos civis em Selma, no Alabama — Foto: Associated Press

Foto de 7 de março de 1965 mostra um policial agredindo John Lewis durante marcha pelos direitos civis em Selma, no Alabama — Foto: Associated Press

Aquele dia ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e, exatamente meio século depois, caminhou de mãos dadas com Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, até o local do protesto emblemático.

Lewis entrou no Congresso em 1986 e logo se tornou uma das vozes mais poderosas da defesa da justiça e da igualdade.

Foto de 7 de março de 2015 mostra o então presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimentando John Lewis na ponte Edmund Pettus em Selma, Alabama  — Foto: Brendan Smialowski / AFP

Foto de 7 de março de 2015 mostra o então presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimentando John Lewis na ponte Edmund Pettus em Selma, Alabama — Foto: Brendan Smialowski / AFP

Por Associated Press

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