Campo Grande, 11 de novembro de 2025

Covid-19: Imunizados têm proteção de cinco meses, mas podem transmitir coronavírus, conclui estudo

LONDRES — A maioria dos profissionais de saúde que contraíram a Covid-19 estão protegidos contra uma nova infecção por um período de pelo menos cinco meses. A conclusão é de um estudo da agência de saúde pública britânica Public Health England. O trabalho alerta, no entanto, que há evidências de que pessoas imunizadas podem ser portadores do vírus e contribuir para sua disseminação.

Faça o teste:  Qual é o seu lugar na fila da vacina?

De acordo com pesquisadores da agência, 44 pessoas teriam sido reinfectadas com o novo coronavírus de 6.614 trabalhadores do setor de saúde que apresentaram anticorpos no decorrer de um período de cinco meses entre junho e novembro de 2020.

Isso representa uma proteção de 83% em relação aos trabalhadores que não foram expostos ao Sars-CoV-2, conclui o estudo publicado nesta quinta-feira, que ainda não foi revisado por pesquisadores independentes.

BrasilMinistério da Saúde ignorou parecer interno que recomendava compra de seringas por frete mais rápido

Por outro lado, os pesquisadores britânicos alertam que, embora os anticorpos pareçam evitar o adoecimento pela Covid-19 novamente, os dados preliminares do estudo sugerem que alguns participantes carregam quantidades significativas do vírus e podem transmiti-lo para outras pessoas. Esse cenário reforça a necessidade de respeitar o isolamento social e medidas de higiene pessoal, além do uso de máscaras.

— Agora sabemos que grande parte das pessoas que tiveram o vírus e geraram anticorpos estão protegidas contra reinfecção, mas essa proteção não é completa e ainda não sabemos quanto tempo dura. E, o mais importante, acreditamos que as pessoas podem continuar a transmitir o vírus — resume a autora principal do estudo, Susan Hopki.

VaticanoPapa Francisco e Papa emérito Bento XVI são vacinados contra Covid-19

Ainda segundo Hopkins, é improvável que casos de reinfecção levem a casos severos:

— A descoberta significa que, se você acredita que já contraiu a doença e está protegido, pode ter a segurança de que é altamente improvável o desenvolvimento de infecções severas (em caso de reinfecção). Mas ainda há o risco de contrair o vírus e transmití-lo para os outros.

O trabalho, no entanto, reforça que quem contraiu a Covid-19 na primeira onda da doença, no início de 2020, em boa parte do mundo está novamente vulnerável ao coronavírus.

EntrevistaVacina da Fiocruz é 70% eficaz já na primeira dose, diz pesquisadora de Oxford

Cientistas elogiam pesquisa

Especialistas independentes elogiaram a qualidade do estudo, no qual participaram cerca de 20.800 profissionais de saúde, incluindo funcionários do hospital na linha de frente do atendimento de pacientes com Covid-19, convidados a serem testados regularmente para verificar se ainda eram portadores do vírus ou se geraram anticorpos, um sinal de uma infecção mais antiga.

O estudo sugere que as taxas de proteção conferidas por uma infecção natural “são comparáveis às das vacinas Covid-19”, disse Julian Tang, professor honorário de virologia da Universidade de Leicester (Reino Unido).

As conclusões do trabalho também sugerem que a imunidade proporcionada pelas vacinas desenvolvidas contra a Covid-19, cuja duração ainda é desconhecida, será duradoura.

AlertaMultiplicação de mutações do coronavírus, várias delas no Brasil, preocupa cientistas

Para Eleanor Riley, professor de imunologia e doenças infecciosas na Universidade de Edinburgo (Reino Unido), as descobertas do trabalho da Public Health England reforçam a necessidade de manter os cuidados mesmo após contrair a Covid-19:

— Os dados reforçam a mensagem de que, durante o curso da pandemia, todos são uma fonte potencial de infecção para os outros. É preciso se comportar de forma adequada (às regras sanitárias).

Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular na Universidade de Reading (Reino Unido), avalia que o trabalho tem “implicações fortes nas estratégias para sair da crise atual”.

— Isso significa que a vasta maioria da população precisará adquirir a imunidade natural ou ser imunizada para superar totalmente as restrições impostas à nossa vida, ou veremos muito mais pessoas contraindo a Covid-19 e morrendo da doença — disse Clarke.

Em dezembro, um artigo publicado no New England Journal of Medicine concluiu que praticamente todos os profissionais de saúde tinham anticorpos e estavam protegidos por pelo menos seis meses.

Compartilhe

Facebook
Twitter
WhatsApp