Campo Grande, 11 de novembro de 2025

Mais de mil pessoas são presas na Rússia durante protestos pela libertação de Alexei Navalny

MOSCOU — Mais de mil manifestantes foram presos em pelo menos 50 cidades da Rússia, incluindo 140 em Moscou, durante o segundo final de semana seguido de manifestações pela libertação do líder opositor Alexei Navalny. Segundo pessoas ligadas ao político, preso há pouco mais de duas semanas, sua mulher, Yulia, está entre os detidos na capital russa. A polícia implementou um grande dispositivo de segurança e fechou o acesso ao centro de várias cidades.

No último dia 23, na primeira mobilização, dezenas de milhares de manifestantes se reuniram e mais de 4 mil foram presos. Na ocasião, Yulia Navalnaya também chegou a ser detida, mas acabou liberada. Nos centros de Moscou e São Petersburgo, muitos policiais e agentes da Guarda Nacional foram mobilizados antes dos eventos programados para o início da tarde.

“Putin é um ladrão!”, “Liberdade!”, gritavam dezenas de manifestantes ao passarem pelo centro da capital. O local do protesto foi alterado no último minuto devido às restrições da polícia, que limitou o acesso a várias ruas e fechou estações de metrô, medidas consideradas raras.

Essas novas manifestações têm como pano de fundo a apresentação de Alexei Navalny perante os juízes, prevista para a próxima semana. O opositor é alvo de vários processos judiciais desde seu retorno à Rússia em 17 de janeiro.

Segundo  seu advogado, ele corre o risco de condenação a dois anos e meio de prisão pela violação das condições de uma pena suspensa de 2014 de três anos e meio de prisão.

Ativista anticorrupção e principal crítico de Putin, Navalny, de 44 anos, voltou à Rússia em 17 de janeiro após passar meses na Alemanha em tratamento médico após ter sido envenenado na Sibéria com o agente nervoso Novichok, desenvolvido na antiga União Soviética. Ele acusa Putin e os serviços de segurança russos de serem responsáveis pela tentativa de assassinato. Putin nega, embora tenha reconhecido em dezembro que Navalny era monitorado pelos serviços de segurança — mas alegou na ocasião que se o Kremlin quisesse Navalny morto, ele não estaria vivo.

‘Não tenham medo’

No outro extremo do país, em Vladivostok, Andrei, o protesto reuniu apenas algumas dezenas de pessoas. Segundo um manifestante, “as forças de choque bloquearam” o centro da cidade. Em Novosibirsk, a terceira maior cidade da Rússia, na Sibéria, a multidão de manifestantes tinha cerca de 5 mil pessoas, segundo estimativa do meio de comunicação independente Taiga. Foi uma das maiores mobilizações antigovernamentais na cidade nos últimos anos.

— As pessoas estão irritadas com o que está acontecendo e porque membros do Parlamento e ativistas da oposição foram presos esta semana — disse Khelga Pirogova, deputada local por uma coalizão pró-Navalny.

Vários aliados próximos ao opositor foram colocados em prisão domiciliar na sexta-feira, dois dias depois de uma série de operações de busca e apreensão que visaram a casa de sua mulher, Yulia, e as instalações de sua organização, o Fundo Anticorrupção. Nos dias anteriores, as autoridades alertaram os apoiadores de Navalny. A polícia disse que os manifestantes poderiam ser processados por “motins em massa” se os comícios se tornassem violentos.

Por sua vez, o órgão de fiscalização das telecomunicações Roskomnadzor anunciou que sancionaria as redes sociais por mensagens on-line, segundo ele, incentivando menores a protestar.

Apesar da pressão, Navalny voltou a pedir aos russos na quinta-feira que tomassem as ruas. “Não tenham medo”, escreveu ele em uma carta postada em seu blog. “A maioria está do nosso lado. Vamos acordá-la.”

Os protestos também são alimentados pela divulgação de uma investigação do opositor acusando o presidente Putin de ser proprietário de um enorme palácio nas margens do Mar Negro, avaliado em mais de US$ 1 bilhão. A investigação foi vista mais de 100 milhões de vezes no YouTube. Putin negou as acusações, destinadas, segundo ele, a fazer uma “lavagem cerebral” nos russos, enquanto a TV estatal exibiu imagens da residência ainda em construção, longe do luxo descrito pelo opositor.

No sábado, o bilionário Arkadi Rotenberg, amigo próximo de Putin e que está sob sanções ocidentais, afirmou ser o verdadeiro proprietário da residência e garantiu que estava construindo um hotel.

AFP

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