O trecho do depoimento diante do elenco antes da vitória sobre o Sport, segunda-feira, ajuda a explicar o motivo de Willian Arão cumprir mais uma vez o ciclo: desconfiança, crítica e aprovação. Pela segunda vez, o volante deu um passo atrás dentro de campo, e viu o Flamengo andar para frente na tabela do Brasileirão.
Willian Arão em ação contra o Sport — Foto: Alexandre Vidal / CRF
A volta para briga pelo título com o Internacional passa muito pelo desempenho do camisa 5 como zagueiro (com Jorge Jesus, já tinha dado um passinho para virar primeiro volante). Em quatro partidas, o Flamengo venceu três, o adversário passou em branco em duas e Arão não foi driblado uma vez sequer no combate direto.
A qualidade na saída de bola, que já fez sucesso em 2019 com o posicionamento entre Rodrigo Caio e Pablo Marí na chamada “saída a três”, voltou a ser fundamental para o Flamengo ser impositivo. A marcação fica mais alta, as linhas sobem, e Arão se torna peça-chave.
Willian Arão na zaga
- Quatro partidas
- Dois clean sheets (sem sofrer gol)
- Nenhum drible sofrido
- Nenhum cartão amarelo
- Três faltas cometidas
- Acerto em 94% dos 240 passes
- Acerto em 19 das 25 bolas longas
Titular com todos os técnicos em seis temporadas no clube, Arão sempre foi elogiado pela noção tática. Entende o que se pede, ocupa espaços, e “corre pelo outro”.
– Ele tem velocidade para cobertura, tem sentido de antecipação, entende o jogo, sabe onde a bola vai, o que é muito importante, tem capacidade de desarme e, principalmente, leitura de espaço. Acontece muito com jogadores de meio-campo que se tornam grandes zagueiros. Pode ser o caminho para o Arão. Por enquanto, nenhum comprometimento – analisou PVC, Paulo Vinícius Coelho, comentarista do grupo Globo.
Willian Arão fez dupla com Rodrigo Caio contra o Palmeiras — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Os números do site “SofaScore” indicam que Arão cometeu somente três faltas em quatro partidas e acertou com folga a maioria das tentativas de passes e lançamentos. A falta de rodagem na posição, por sua vez, ainda atrapalha em algumas tomadas de decisão:
– O que pode melhorar um pouco ainda, e não é só dele, é o momento certo do bote. Às vezes, se confunde com o Gustavo Henrique, como no gol do Diego Souza. É uma questão de antecipação, falta uma certa sincronia, que ele vai ganhar com o tempo – disse Ledio Carmona, também comentarista do grupo Globo.