WASHINGTON — Uma das últimas ações de Donald Trump como presidente dos EUA foi revelada nesta segunda-feira, mais de um mês depois de deixar o cargo: segundo assessores do republicano, ouvidos por diversos órgãos de imprensa no país, ele e a ex-primeira-dama, Melania Trump, foram vacinados antes de deixarem a Casa Branca. Não se sabe se eles receberam as duas doses necessárias ou mesmo com qual vacina foram imunizados.
Os dois foram infectados pela Covid-19 no ano passado, e Trump chegou a ser internado por precaução — o ex-presidente nunca foi um fã de medidas de controle da doença, como o distanciamento físico, o fechamento de atividades não essenciais em momentos de alta e, em especial, as máscaras.
Eram raros os momentos em que ele foi visto usando a proteção, e mesmo depois de deixar o hospital, ainda com o vírus no organismo, tirou a máscara para fotos. Além disso, o avanço da doença nos EUA não impediu que fizesse reuniões com centenas de convidados nos jardins da Casa Branca, sendo que alguns deles serviram como focos de infecção, como na apresentação da então indicada à Suprema Corte, Amy Coney Barrett.
Por outro lado, Trump, que no começo da pandemia chegou a propagandear a cloroquina como um medicamento “milagroso” para a Covid (postura silenciosamente abandonada meses depois), via no desenvolvimento rápido de uma vacina uma ferramenta que o ajudasse a garantir mais quatro anos no cargo: seu plano apelidado de Operação Velocidade de Dobra destinou pelo menos US$ 12 bilhões para acelerar a produção de imunizantes, de preferência para que começassem a ser aplicados antes da votação de novembro de 2020.
A iniciativa ajudou na produção de vacinas (mas não a reelegê-lo), muito embora o ritmo de aplicação dos imunizantes tenha sido lento até o início do mês, já sob o governo Joe Biden, que se comprometeu a vacinar 100 milhões de pessoas nos seus primeiros 100 dias no cargo. Até o momento, cerca de 75 milhões de doses, incluindo primeira e segunda doses, com 15% da população americana recebendo pelo menos uma das imunizações necessárias.
Apesar de ter entre seus apoiadores muitos céticos em relação à vacina, Trump se mantém um defensor da imunização. Em discurso durante a CPAC — a Conferência de Ação Política Conservadora — o ex-presidente, além de recomendar a todos os presentes que buscassem a imunização, assumiu o crédito pelas vacinas que estão chegando aos braços de milhares de americanos todos os dias.