Sainte Dèvote. Beau Rivage. Massenet. Cassino. Mirabeau. Loews (ou Antiga Gare, Grande Hotel ou Fairmont). Portier. Túnel. Chicane do Porto. Tabacaria. S da Piscina. Rascasse. Antony Noghès. As curvas do famoso e icônico Circuito de Rua de Mônaco, que recebe corridas de carros desde 1929. Todos os trechos são batizados em referência a pontos famosos da cidade-estado, menos a última curva, que ganhou o nome de Antony Noghès em 1979. Mas, afinal, quem foi Antony Noghès?
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/E/r/M3RU3cQEuDW9B8wk546A/anthony-noghes1.jpg)
Antony Noghès, o fundador do tradicional Grand Prix de Mônaco em 1929 — Foto: Reprodução
Antony Emile Marie Noghès nasceu em 13 de setembro de 1890, filho de Alexandre Noghes e Félicie Reynier. Sua família era muito próxima dos Grimaldi, a família real de Mônaco. Apaixonado por corridas, assim como seu pai, um dos fundadores do Automóvel Clube de Mônaco (ACM), ele se envolveu desde cedo com a administração da entidade. Em 1911, foi um dos criadores de uma das competições fora de estrada mais tradicionais do mundo: o Rally de Monte Carlo, que teve seis pontos de partida: Paris, Berlim, Bruxelas, Boulogne-sur-Mer, Viena e Genebra e contou com 22 pilotos inscritos. O primeiro vencedor foi o aviador Henri Rougier, com um Turcat-Méry de 25 cavalos, com média de 13,8 km/h.
Fora do esporte, Antony era o “Agent General de la Regie des Tabacs” – diretor da administração pública responsável pela gestão do monopólio de aquisição, fabricação e venda de tabaco no Principado. Com forte ascendência junto à família real, alguns anos depois do Rally de Monte Carlo, teve a ideia que colocaria o pequeno país na costa do Mar Mediterrâneo definitivamente no mapa do automobilismo: a criação do Grand Prix de Mônaco. E a ideia nasceu de uma decepção: comissário geral aos 35 anos, ele foi o encarregado de inscrever o ACM na Associação Internacional de Clubes Automotivos Reconhecidos (AIACR), precursor da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), em Paris. Mas não obteve sucesso: a AIACR argumentou que as competições organizadas pelo clube não aconteciam dentro do território de Mônaco.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/7/2/gSAow8RRGi8CqszusEHQ/1929.jpeg)
O traçado original do Grand Prix de Mônaco desenhado por Antony Noghès — Foto: Reprodução
Noghès, então, se dedicou ao sonho de tirar do papel o Grand Prix de Mônaco. Parecia um feito inatingível. Ele demorou dois anos para terminar o projeto do circuito, que foi endossado pelo piloto Louis Chiron e pelo engenheiro Jacques Taffe. O próximo passo foi convencer René León, administrador da Société des Bains de Mer, a embarcar no projeto e financiar o evento. Com sucesso. O projeto da pista de rua rendeu o reconhecimento do ACM pelo AIACR em outubro de 1928. E em 14 de abril de 1929, o circuito foi finalmente inaugurado pelo Príncipe Pierre, que deu uma volta de carona em um Torpedo Voisin, um carro francês de luxo, pilotado por Charles Faroux, diretor de provas do ACM.
A primeira corrida foi disputada no mesmo dia com 16 carros no grid (oito Bugattis, três Alfa Romeos, dois Maseratis, um Licorne e um Mercedes SSK). A principal ausência foi o monegasco Louis Chiron, que estava nos Estados Unidos para as 500 Milhas de Indianápolis. O grid foi definido por sorteio e a vitória na corrida ficou com o inglês William Grover-Williams, ao volante de um Bugatti 35B verde, ao completar 100 voltas em 3h56m11s e média de 80,194 km/h. O evento foi um sucesso e o Grand Prix de Mônaco logo entrou no calendário mundial do automobilismo. E em 1950, após a Segunda Guerra Mundial, se tornou uma das corridas do Mundial de Fórmula 1. O resto é história.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/f/Q/u1MHevQNirSq98T916wQ/gettyimages-1146221740.jpg)
Charles Leclerc contorna a curva Antony Noghès durante a classificação do GP de Mônaco de 2019 — Foto: Andrea Diodato/NurPhoto via Getty Images
Outra ideia de Noghès que é usada até hoje no automobilismo foi a adoção internacional da bandeira quadriculada para encerrar as corridas. Ele morreu em 2 de agosto de 1978, aos 87 anos. E, a partir de 1979, o nome de Antony Noghès passou a batizar a última curva do circuito, a antiga Curva do Gasômetro. Justa homenagem a quem criou a corrida mais tradicional do automobilismo, o Grand Prix de Mônaco.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/q/T/N7Lj56SsaEmyoAUFtjZg/gettyimages-1318873532.jpg)
A logo do Automóvel Clube de Mônaco (ACM) colocada nos boxes do GP no Principado — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2020/b/7/3jdNEIS1Sx9MIOZa7CZQ/footer-blogs-e-colunas-rafael-lopes-17-03.jpg)
Perfil Rafael Lopes — Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com