Em meio às medalhas, uma polêmica. Ao não festejar a prata de Kelvin Hoefler nas Olimpíadas de Tóquio, Leticia Bufoni se viu em meio a um possível racha no skate street brasileiro. Nesta segunda, depois de cair nas eliminatórias da disputa feminina, a skatista voltou a dizer que não tem uma relação próxima ao compatriota. Ainda assim, afirmou que não há nenhuma briga entre os dois.
– As pessoas sempre distorcem as coisas, inventam mais, não tem briga. A gente apenas não é amigo próximo. A gente ficou vendo-o competir embaixo do sol ontem. A gente podia estar no ar-condicionado, mas não. Nós ficamos aqui, batemos palmas. Mas sabe como é internet, né? Eu estou tranquila, tenho a consciência limpa. A única mensagem que recebi foi porque não tinha postado uma foto do Kelvin. Eu ia postar, e como eu disse no Instagram, a gente anda em grupos diferentes. Ele tem o dele, eu tenho o nosso. E ninguém é obrigado a andar com ninguém. O motivo que eu não postei é porque não somos tão próximos.
Leticia Bufoni; skate street feminino; olimpíadas de tóquio 2020 — Foto: REUTERS/Lucy Nicholson
A skatista afirma que as redes sociais exageraram uma situação que, para ela, é tranquila. Letícia diz que não há problemas entre eles. Há, apenas, uma proximidade maior com outros skatistas.
– A galera fala o que não sabe. Quem está dentro sabe que todo mundo é tratado igual, todo mundo faz as mesmas coisas. Todo mundo é tratado igual. A única coisa é que eu fiquei mais próxima deles porque eu fico no treino com eles, vou comer junto. Então as pessoas veem mais coisas juntos. Mas não tem essa, o que é feito por um é feito por todos – afirmou.
Para Letícia, apesar do distanciamento entre os dois, em nenhum momento deixou de torcer pela medalha de Kelvin.
– Ele foi incrível, mereceu muito a medalha, está na história, a primeira medalha do skate do Brasil. Então, não tem o que falar, o moleque é sensacional, a gente só não é próximo. Mas admiro muito ele, conheço desde os dez anos. Então tenho muita admiração por ele. Hoje em dia não somos próximos, cada um tem seus amigos. E como eu também disse, eu torço por todo mundo que está aqui, torço por todo mundo, sou amigo de todos. É óbvio que para o brasileiro torço mais – disse.
A conquista de Kelvin Hoefler que abriu a contagem de medalhas do Brasil nas Olimpíadas 2020 serviu, também, para jogar luz num racha da equipe brasileira de skate que está em Tóquio. O clima não é bom.
Kelvin e o perfil oficial da Confederação Brasileira de Skate não se seguem nas redes sociais – segundo Letícia Bufoni, Kelvin bloqueou a CBSk no Instagram. No post em que comemorou a medalha de prata neste domingo, por exemplo, a entidade não marcou o skatista.
Nos comentários dessa publicação, os pais de Kelvin desabafaram:
– Será que vocês agora vão respeitar o nosso filho ou vão continuar menosprezando ele? É nítido o que vocês estão fazendo, esta medalha de prata representa todo esforço e dedicação dele – escreveram Éneas Hoefler e Roberta Hoefler.
A skatista de 28 anos, então, explicou que Kelvin “por opção dele” se afastou do restante dos companheiros. “Ele nunca está com a gente nos “rolês”, ele nunca faz parte das nossas atividades. […] Infelizmente, ele não gosta de estar com a gente”, disse ela nas redes sociais. O próprio medalhista reconheceu que é “mais pacato, quieto”, embora não tenha entrado em detalhes.
De fato, durante a prova, Kelvin ficou distante da comissão técnica e recebeu orientações apenas de Pâmela Rosa, que é outra skatista da equipe. Ele agradeceu à amiga em entrevista após a conquista e disse, também, que recebeu ajuda por telefone de sua esposa entre uma bateria e outra.
Mais tarde, já de volta à Vila Olímpica, ele publicou uma foto comendo ao lado de Giovanni com a legenda: “Jantando com a família CBSk”.
Por Guilherme Costa e João Gabriel Rodrigues — Tóquio, Japão