O primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil entre Athletico-PR e Flamengo foi disputado a toda velocidade. Um jogo frenético, de muita correria, muitas faltas, muitos erros e poucas ocasiões de gol de fato. Um ritmo, porém, que na maior parte do tempo não foi ditado pelo Flamengo.
O time carioca saiu de campo com um bom resultado. O empate em 2 a 2 leva a decisão para o Maracanã, na próxima semana, com o Flamengo em totais condições de garantir a vaga na final da Copa do Brasil. O desempenho da equipe, porém, suscita questionamentos.
Andreas Everton Ribeiro Flamengo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Contra o Athletico, chamou a atenção a dificuldade do Flamengo em conseguir se articular do meio-campo para a frente. Desta vez, a equipe não enfrentou um adversário retrancado, como Renato Gaúcho pontuou no empate com o Cuiabá. O Furacão pressionava alto, esticava o jogo, mas também cedia generosos espaços.
Ainda assim, o Flamengo não conseguiu se impor. A batalha no meio-campo foi vencida pelo Athletico, tanto tatica quanto fisicamente. E isso cobrou o preço aos cariocas.
O roteiro teve um início promissor para o Flamengo. Com um jogo muito truncado, com duas equipes pressionando muito, o time de Renato saiu na frente com um gol de bola parada – uma virtude a ser destacada no trabalho do treinador, que transformou este tipo de jogada numa arma eficiente.
A partir daí, o Flamengo parecia que controlaria o jogo. Passou a tocar a bola no ataque, neutralizar qualquer tentativa de contragolpe do Athletico e tomou conta da partida. Mas, à medida que o Furacão recobrou o fôlego e tornou a acelerar o jogo, o controle foi embora.
COPA DO BRASIL 2021, ATHLETICO PR X FLAMENGO — Foto: Gabriel Machado/AGIF
O Flamengo passou a ter dificuldade para trocar passes. E, então, surgiu um cenário que perdurou no segundo tempo. Havia duas alternativas à equipe: reduzir o ritmo do jogo, controlar o meio-campo e impor seu tempo; aproveitar os vários espaços na defesa do Athletico para acelerar e tentar definir a partida em contra-ataques.
O problema é que o Flamengo não conseguiu fazer uma coisa nem outra. Muito por conta de uma noite ruim de seus jogadores de meio-campo, notadamente Thiago Maia e Andreas, que se viam sempre em inferioridade numérica e também erravam nas tomadas de decisão ou até em questões técnicas.
Sem conseguir se impor no meio-campo, o Flamengo não conseguiu definir o tempo da partida. A virada do Athletico na etapa final veio na velocidade proposta pelo Furacão. Em desvantagem, o time de Renato voltou a exibir os problemas de criação de outras partidas. Um lance fortuito na área gerou o pênalti que garantiu o empate.
A partida deixa algumas questões a serem ponderadas: o que acontece com Gabigol, que segue em jejum e apresenta uma movimentação de certa forma anárquica dentro do ataque? É possível pensar em utilizar Pedro como titular, em dupla com o camisa 9? Cabe a tentativa de um outro desenho no meio-campo para aproveitar melhor o trio Arão-Thiago Maia-Andreas antes do retorno de Arrascaeta?
O Flamengo, claro, se ressente de desfalques do nível de Arrascaeta e Bruno Henrique. Com a dupla as coisas ficam mais fáceis. Mas é preciso ter alternativas sem eles, e a últimas partidas mostraram uma dificuldade de criação que precisa de respostas.