Campo Grande, 13 de maio de 2025

O mundo não dá voltas, capota: Mercedes surpreende no México

23 de outubro de 2021. Classificação para o GP dos Estados Unidos, no Circuito das Américas, em Austin, no Texas. Uma pista que encaixava com os pontos fortes da Mercedes. Favoritismo da equipe alemã para a pole position. Mas a RBR escondeu o jogo, liberou o potencial do carro no momento certo e colocou Max Verstappen na pole position e Sergio Pérez na terceira posição. O desempenho no treino foi essencial para a vitória do holandês na corrida, ainda mais em um GP em que o time austríaco entrou para minimizar os danos. E o panorama das duas corridas seguintes, nos 2.200 metros de altitude da Cidade do México e nos 800m de São Paulo, era favorável ao RB16B, carro da RBR em 2021, que tem como ponto forte a geração de pressão aerodinâmica.

Mas o mundo dá voltas. Aliás, não dá voltas, ele capota. Exatos 14 dias depois, em 6 de novembro, a Mercedes deu o troco exatamente em uma pista RBR. Além da altitude, as características do Autódromo Hermanos Rodríguez casavam mais com o RB16B do que com o W12 da Mercedes. O circuito tem uma longa reta, é verdade, prato cheio para as Panteras Negras, mas dois setores muito travados, recheados de curvas de baixa e média velocidade, ponto forte do time austríaco. E foi exatamente o que vimos nos treinos livres e nas duas primeiras partes da classificação (Q1 e Q2): um amplo domínio da RBR. Só que, na hora da verdade, no Q3, na decisão da pole… A Mercedes apareceu. E como apareceu: dobradinha na primeira fila do grid de largada. A 19ª pole de Valtteri Bottas e a segunda posto de Lewis Hamilton. Posicionamento essencial para o campeonato.

Lewis Hamilton vai largar na segunda posição do GP da Cidade do México, neste domingo — Foto: Bryn Lennon/F1 via Getty Images

Lewis Hamilton vai largar na segunda posição do GP da Cidade do México, neste domingo — Foto: Bryn Lennon/F1 via Getty Images

Para Bottas, uma pole com um sabor ainda mais doce. Afinal, ele andou ouvindo umas gracinhas de Helmut Marko, consultor da RBR. “Espero que Bottas recupere a má forma para tirarmos vantagem”, disse o ex-piloto austríaco no meio desta semana. O efeito foi justamente o contrário. O finlandês andou muito bem ao longo de todo o fim de semana nos treinos livres e cravou duas voltas excepcionais no Q3 para assegurar a pole position. Ou seja, cumpriu o papel que dele se esperava pela Mercedes. É uma ótima notícia para Hamilton também: com os dois carros alemães na primeira fila, os companheiros de equipe poderão se proteger nos 811 metros do grid à primeira curva. Ainda mais com as RBRs logo atrás: Max Verstappen é o terceiro e Sergio Pérez, o quarto.

Max Verstappen não ficou nem um pouco satisfeito com a terceira posição no grid no México — Foto: Lars Baron/Getty Images

Max Verstappen não ficou nem um pouco satisfeito com a terceira posição no grid no México — Foto: Lars Baron/Getty Images

Helmut Marko, aliás, poderia se preocupar um pouquinho mais com o trabalho interno em sua equipe. O carro de Verstappen neste sábado teve problemas com a asa traseira e a RBR tirou a peça que estava no carro de Pérez para colocar no do líder do campeonato. Outra coisa importante para investigar: a causa de o time perder a enorme vantagem que tinha nos treinos livres. Os dois carros sequer chegaram perto das Mercedes no Q3. E, ao contrário, Marko foi se preocupar em dar bronca em Yuki Tsunoda, da AlphaTauri, que estava à frente de Pérez e Verstappen na última tentativa, tirou o carro da pista para não atrapalhar, o mexicano errou e acabou causando reclamações do holandês, que já vinha em uma volta ruim. Tudo errado. Mas a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, não é mesmo? E isso no programa de pilotos da RBR é fato corriqueiro. O que não falta são vítimas para contar esta história.

Sergio Pérez errou em sua última tentativa e ficou apenas em quarto no grid do GP da Cidade do México — Foto: Clive Mason/Getty Images

Sergio Pérez errou em sua última tentativa e ficou apenas em quarto no grid do GP da Cidade do México — Foto: Clive Mason/Getty Images

Não preciso nem dizer que, neste cenário, a largada será decisiva. A Mercedes tem um dos carros mais velozes de reta, com velocidades entre 8 e 10 km/h maiores que as da RBR. Isso vai ser essencial na corrida de amanhã. A equipe austríaca é melhor nos trechos mais travados, em que não existem pontos de ultrapassagem. Na enorme reta dos boxes, a vantagem é da Mercedes. E dependendo de como os carros estiverem nesta corrida, o acerto de Bottas e Hamilton pode até compensar em alguns momentos a velocidade extra que a abertura da asa móvel (DRS) pode dar para Verstappen e Pérez. Outro fator importantíssimo, claro, é a estratégia. E neste fim de campeonato, é erro zero.

Pierre Gasly vai largar na quinta posição após mais uma classificação excepcional com a AlphaTauri — Foto: Lars Baron/Getty Images

Pierre Gasly vai largar na quinta posição após mais uma classificação excepcional com a AlphaTauri — Foto: Lars Baron/Getty Images

Para encerrar, tenho que destacar o bom desempenho dos carros da AlphaTauri, confirmando as expectativas depois das simulações da sexta-feira. O francês Pierre Gasly sai em sexto e Tsunoda, que foi ao Q3 mas trocou a unidade de potência, foi punido e sai em 17º. Na briga entre Ferrari e McLaren, muito equilíbrio, mas o resultado foi melhor para a equipe italiana: o espanhol Carlos Sainz é o sexto, o australiano Daniel Ricciardo o sétimo e o monegasco Charles Leclerc o oitavo. O inglês Lando Norris também trocou motor e ficou apenas em 18º. São outras disputas que prometem: a da terceira força no GP da Cidade do México deste domingo e a terceira posição do Mundial de Construtores em 2021.

Carlos Sainz foi o melhor entre os pilotos de Ferrari e McLaren no grid de largada no México — Foto: Peter Fox/Getty Images

Carlos Sainz foi o melhor entre os pilotos de Ferrari e McLaren no grid de largada no México — Foto: Peter Fox/Getty Images

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