Robert Lewandowski é um jogador que não esconde quando está decepcionado. No final de novembro, o polonês foi sincero ao falar da frustração de perder o prêmio Bola de Ouro para o argentino Lionel Messi. Agora, um mês depois, também não foi reticente ao saber da saída de Paulo Sousa do cargo de técnico da seleção polonesa. Nesta quarta-feira, o português se reúne para sacramentar sua saída do comando do elenco liderado por Lewandowski para dirigir o Flamengo.
Os dois passaram a trabalhar juntos há quase um ano: em janeiro, Sousa substituiu Jerzy Brzęczek na missão de garantir uma vaga na Copa do Mundo de 2022 para a Polônia. Logo na apresentação, comentou as expectativas e destacou o diferencial que ter um jogador como Lewandowski no elenco faz.
— O Robert não é apenas o melhor jogador do mundo, mas também um verdadeiro líder e líder da seleção nacional. Ele é um grande exemplo para os outros — disse o técnico, à época.
E a avaliação positiva foi recíproca. Em uma entrevista, o atacante do Bayern de Munique elogiou o trabalho que Sousa vinha realizando junto da seleção, depois de pouco mais de três meses de trabalho.
— Fiquei com uma impressão muito boa (em relação a Sousa). (Ele) tem carisma e boas ideias. Espero que a gente faça um bom Europeu — declarou o jogador, em maio.
Instabilidade no comando
Apesar da troca de elogios, que continuou no desenrolar do ano, o trabalho do português à frente da seleção polonesa não encontrou muito estabilidade. A prova está no histórico que deixa ao ir para o Flamengo: em 15 jogos, saiu vitorioso em seis ocasiões; empatou em cinco e perdeu quatro.
Em setembro, Sousa destacou o desempenho de Lewandowski como um diferencial.
— Ele sabe que com a seleção nacional precisa fazer quatro, cinco, seis vezes mais do que no Bayern. Empurrando o tempo todo, marcando gols, interações com outras pessoas (…) Quando temos a qualidade de Robert em campo, tudo pode acontecer a nosso favor.
Neste último fim de semana, por meio de sua assessoria de imprensa, o jogador expressou que não esperava receber a notícia da rescisão.
“Robert (Lewandowski) está chocado e surpreso com as ações do técnico Sousa”, declarou a assessora do atacante do Bayern de Munique.
Boa relação
E a surpresa tem um motivo concreto, que é a boa relação pessoal do técnico com a seleção, que, por sua vez, não se refletiu tanto nos números alavancados ao longo de 2021, apesar de Lewandowski ter sido o artilheiro do elenco. No total, o atacante foi liderado por Sousa em 11 partidas e marcou 11 gols.
Pelas Eliminatórias para a Copa do Qatar, o jogador foi treinado por Sousa ao longo de oito jogos, nos quais marcou oito gols e prestou quatro assistências. Isso tudo sem levar nenhum cartão amarelo ou vermelho. Além das Eliminatórias, o técnico trabalhou com Lewandowski em três jogos pela Eurocopa, nos quais o jogador repetiu a marca, com três gols no histórico.
Apesar de não ter classificado a seleção para o torneio mundial, Sousa ainda teria a oportunidade de cravar uma vaga na repescagem entre seleções europeias, no jogo contra a Rússia, marcado para o dia 24 de março.