Sergey Lavrov disse que EUA e União Europeia temem perder seu protagonismo, defendeu assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança e afirmou que o Ocidente mente em relação à situação na Ucrânia.
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Sergey Lavrov, durante discurso na Assembleia Geral da ONU — Foto: REUTERS/Eduardo Munoz
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, discursou neste sábado (24) na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Durante cerca de 23 minutos, atacou os EUA, a União Europeia e disse que o Ocidente conta mentiras sobre a situação na Ucrânia.
Lavrov começou sua fala dizendo que “estamos em um momento dramático”. Acusou as “mentiras contadas pelo Ocidente” de dificultarem o diálogo e a confiança nas instituições e no direito internacional. E passou a atacar os EUA e a União Europeia, que, segundo ele, “temem perder sua hegemonia”.
“Os EUA e seus aliados querem por fim à marcha da História. Disseram que ganharam a Guerra Fria e se autodenominaram os enviados de Deus à Terra, como se não tivessem obrigações, só o direito sagrado de atuar com total impunidade contra qualquer Estado”, afirmou Lavrov.
O diplomata russo também criticou a expansão da OTAN em direção à Ásia e pediu o fim de sanções econômicas dos EUA e de Países Europeus. Lavrov também acusou novamente a Ucrânia de apoiar grupos neonazistas.
Apoio ao Brasil
Durante o discurso, Lavrov apoiou a candidatura de Brasil e Índia a um assento permanente no conselho de Segurança da ONU. Ele afirmou que ambos são países chave da política internacional.
Endurecimento de regras
A Rússia anunciou, também neste sábado (24), a substituição de seu mais alto comandante militar para questões logísticas. Além disso, o presidente Vladimir Putin assinou uma lei que endurece a pena de soldados que se recusarem a combater. Os anúncios acontecem no momento em que o exército russo encontra dificuldades na Ucrânia, especialmente em áreas da região leste do país.
A nova lei assinada por Putin neste sábado diz que os soldados russos que se recusarem a lutar, desertar, desobedecer ou se render ao inimigo podem agora enfrentar uma prisão de até 10 anos, informou a agência de notícias AFP.
Na última quarta-feira (21), o presidente russo anunciou a convocação de cerca de 300 mil reservistas para lutarem nos fronts, em reação à blitz de forças da Ucrânia que recuperou importantes territórios no leste do país.
A decisão do Kremlin foi motivo de manifestações internas, que foram reprimidas com milhares de detenções. A procura por voos para o exterior também aumentou consideravelmente, assim como surgiu uma extensa fila de carros na fronteira entre a Rússia e a Geórgia. Segundo informações do jornal inglês “The Guardian”, a espera para concluir a travessia podia durar até 20 horas.
Durante o discurso em que mobilizou suas tropas, Putin também acenou para a possibilidade de utilização dos armamentos nucleares russos.