Zlatko Dalic cita Messi no comando da seleção sul-americana, espera que jogo quente como contra a Holanda não se repita e diz que vitória nesta terça seria a mais importante da história do país
Por Raphael Zarko — Doha, Catar
O técnico da Croácia, Zlatko Dalic, admitiu que sua equipe está cansada depois de duas prorrogações na Copa do Mundo do Catar. Os croatas venceram o Japão, nas oitavas, e o Brasil, nas quartas, nos pênaltis, depois de um total de 240 minutos, contando a prorrogação, em poucos dias.
No entanto, na coletiva na manhã desta segunda-feira, o treinador lembrou que a Croácia está acostumada a jogar assim e lembrou da força da equipe nas partidas eliminatórias.
– Sim, tem sido cansativo chegar à prorrogação em duas partidas, estamos esgotados, mas estamos na semifinal da Copa e seguimos fortes com força, energia e entusiasmados, assim que estamos. Vamos dar tudo como temos feito em todas partidas anteriores. Temos conseguido nos recuperar depois das partidas e contra a Argentina será o mesmo. Não termos problemas de lesões no time titular, todos estão em forma, descansando, e não tem cansaço.
Mais adiante na coletiva, o treinador refletiu sobre os grandes resultados obtidos nas Copas do Mundo, mas colocou numa prateleira acima o que seria despachar a Argentina de Messi na semifinal:
– Se conseguirmos a vitória amanhã, seria a maior partida de todos os tempos para a Croácia – afirmou.
Na terça-feira, a Croácia enfrenta a Argentina para buscar sua segunda final consecutiva de Copa do Mundo. O jogo será realizado no estádio Lusail, às 16h – horário de Brasília.
Sobre o adversário, o técnico não poupou elogios e destacou a liderança de Lionel Messi. Para além do objetivo de seguir à final da Copa do Mundo, Dalic ressaltou que sua equipe precisa desfrutar de jogar uma partida como essa contra uma grande seleção.
– É algo incrível conseguir chegar à semifinal em duas Copas do Mundo de forma consecutiva, mas queremos ir mais adiante. Agora enfrentaremos a Argentina, um timaço liderado por Lionel Messi (…). Temos analisado a partida da Holanda contra a Argentina e nos damos conta do que é capaz de fazer a Argentina. Messi está em muito boa forma de novo. É um jogador muito efetivo, o time joga de maneira compacta, uma seleção extraordinária e equilibrada. Tem suas próprias armas e sabemos que querem dar tudo amanhã. Não esperava uma reação da Holanda contra a Argentina, e amanhã estaremos compactos, fortes, e como disse antes, para ambas as seleções será uma partida crucial. Para a Argentina sei que é uma pressão grande, tem um grande número aqui de torcedores. Vamos jogar a semifinal amanhã contra uma das grandes equipes do mundo e vamos desfrutar disso.
Croácia e Argentina se enfrentaram na primeira fase da Copa do Mundo da Rússia, em 2018, quando a seleção europeia venceu por 3 a 0 e passou em primeiro lugar no grupo. Para Dalic, que estava naquela partida à beira do campo, não dá para usar aquele jogo como parâmetro para o novo encontro.
– É uma partida bastante diferente. Em 2018, naquele momento, foi uma partida da fase de grupos, não tão defensiva. Naquela partida, se não tivéssemos marcado não seríamos eliminados. 2018 não tem nada a ver com amanhã. Será uma grande partida para Argentina e Croácia. A final está em jogo. Vamos fazer todo o possível, espero um jogo justo para ambas as partes.
Dalic também foi indagado sobre o que tinha dito anteriormente, sobre não ter sido cumprimentado pelo técnico Sampaoli, que comandava a Argentina na Rússia, quando as duas seleções se enfrentaram na fase de grupos. Ele minimizou o fato, lembrou que o técnico argento agora é outro, e espera que os problemas de provocações entre Argentina e Holanda não se repitam nas semifinais.
– O técnico da Argentina não me parabenizou há quatro anos? Não o culpo por isso, entendo que existem grandes emoções. As pessoas envolvidas não são as mesmas, as expectativas daquele momento não são as mesmas, não devemos guardar rancor. A partida da Argentina com a Holanda foi complicada, quente, em alguns momentos com condutas que não têm muito a ver com o futebol. Espero que agora não seja este o caso.
O comandante de origem croata, mas nascido na antiga Iugoslávia que hoje é território da Bósnia, elogiou a torcida argentina pelo que costuma fazer nas arquibancadas, mas lembrou que, mesmo em menor número, sua torcida é tão apaixonada como os “hinchas”.
– As duas seleções têm muita emoção. É fascinante como a torcida argentina torce. Nós também somos assim. Somos muito menos, mas nossa paixão pelo futebol é igual. Sempre digo aos jogadores que gostem do futebol, porque não há sucesso se você não gosta do seu trabalho. Todos trabalhamos com muita alegria e volto a lhes dizer para que se divirtam. Chegamos entre os quatro primeiros, talvez não esperássemos isso. O mundo inteiro vai assistir o jogo da Croácia.
Diante do feito que a Croácia tem obtido ao repetir ao menos a semifinal da Copa do Mundo em dois torneios seguidos, Dalic também foi questionado sobre a importância das principais partidas do país.
– Para mim, a partida da semifinal contra a Inglaterra no último Mundial foi uma grande partida. Diria que esse é o primeiro jogo (mais importante da história), e o segundo contra o Brasil (na semifinal deste ano). E amanhã será o terceiro, uma partida contra a Argentina. Depois de 4 anos poder repetir uma semifinal é uma oportunidade fantástica. Se conseguirmos a vitória amanhã, seria a maior partida de todos os tempos para a Croácia.
Dalic, 56 anos e desde 2017 no comando da seleção europeia, num país de apenas 4 milhões de habitantes, admitiu ao fim da coletiva que não esperava nos melhores sonhos estar nessa posição que ocupa hoje.
– Não podia imaginar que chegaria a ser técnico da Croácia em dois Mundiais e chegar à final e agora semifinal. Eu pensava que estas partidas estavam reservadas para outras equipes e pessoas, e ter a oportunidade de ter vivido… Aconteça o que aconteça amanhã estou orgulhoso da Croácia e dos meus jogadores. Ninguém esperava que em 4 anos a Croácia chegaria entre os quatro melhores, tenho orgulho disso. Estou muito Feliz. Todos sonhamos, eu sonhava em ser técnico da Croácia para minha gente e meu povo, mas não poderia sonhar com o que está acontecendo.