Operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ao todo, foram autorizados mais de 100 mandados de prisão, busca e apreensão contra investigados.
Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (15) contra organizadores de atos antidemocráticos mirou três grupos e usou informações obtidas por uma rede de inteligência formada por órgãos estaduais como Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (veja mais no vídeo acima).
A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e está relacionada às investigações sobre atos golpistas e contra o resultado das eleições. Os alvos da operação são apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O STF recebeu informações sobre suspeitos de organizar e financiar atos pela abolição do Estado democrático de Direito e outros crimes. Ao todo, foram autorizados 103 mandados de prisão, busca e apreensão em oito estados (AC, AM, ES, MT, MS, PR, RO e SC) e no Distrito Federal.
Quais são os grupos na mira da PF?
A rede de inteligência identificou patrocinadores de manifestações, de financiadores de estruturas para acampamentos, arrecadadores de recursos, lideranças de protestos e mobilizadores de ações antidemocráticas em redes sociais, além de donos de caminhões e veículos que participaram de bloqueios.
Os grupos na mira da PF foram divididos da seguinte maneira:
líderes, organizadores, financiadores e fornecedores de apoio logístico e estrutural;
proprietários e condutores de caminhões de diversas subcategorias que participaram das manifestações e atos antidemocráticos e foram autuados pela prática de infrações de trânsito de natureza grave ou gravíssima;
e proprietários e condutores de veículos empregados para prestar apoio, auxílio logístico ou estrutural aos referidos atos, como transporte de pneus a serem queimados, estrutura para barracas, transporte de banheiros químicos, dentre outros.
Quem são os alvos da operação contra bolsonaristas radicais?
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Carlos Von (DC), à esquerda, e Capitão Assumção (PL) — Foto: Tati Beling/Assembleia Legislativa do ES; Assembleia Legislativa do ES
Os nomes de todos os alvos da operação não haviam sido divulgados até a última atualização desta reportagem.
No Espírito Santo, dois dos alvos são deputados estaduais no estado: Carlos Von (DC-ES) e Capitão Assunção (PL-ES). O ministro Alexandre de Moraes determinou que ambos passem a usar tornozeleira eletrônica e proibiu que usem redes sociais, deem entrevistas ou participem de eventos sociais, sob pena de multa diária de R$ 20 mil.
Também no ES, foram emitidos quatro mandados de prisão. Até a última atualização desta reportagem, havia sido cumprido apenas um deles: contra o jornalista Jackson Rangel. Também tiveram a prisão determinada o vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), eleito presidente da Câmara da cidade a partir de 2023, o pastor Fabiano Vieira e o radialista Max Pitangui.
No Mato Grosso, Rafael Yonekubo, Analady Carceiro e Adaviso Azevedo da Silva foram à delegacia para prestar depoimento.
No Mato Grosso do Sul, foram alvos de mandados de busca e apreensão a influenciadora Juliana Gaioso Pontes, a médica Sirlei Faustino Ratier e o ex-prefeito de Costa Rica Waldeli dos Santos.
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Bolsonaristas radicais investigados por atos golpistas em MS (a partir da esquerda): Sirlei Faustino Ratier, Juliana Gaioso Pontes e Waldeli dos Santos — Foto: Reprodução
Quais são os crimes apurados?
Os envolvidos são investigados pelos seguintes crimes
- abolição violenta do Estado democrático de Direito;
- contra a honra;
- incitação ao crime;
- e tentativa de golpe de Estado.
Que outras medidas foram autorizadas pelo STF?
Também foram determinadas pelo Supremo:
- apreensão de passaportes;
- suspensão registro de Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores (CACs);
- e bloqueios de 168 perfis em redes sociais de suspeitos de organizar e financiar atos antidemocráticos.
Quais são as investigações adicionais sobre o caso?
Nos estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, foi apurada insistência no bloqueio de rodovias e abuso reiterado do direito de reunião mesmo após proibição do STF.