Camisa 10 ultrapassa Cristiano Ronaldo e Messi como jogador mais bem pago do planeta e ganha mais de 87 milhões de fãs em redes sociais desde o título do Mundial da Rússia, em 2018
Por Bruno Cassucci e Daniel Mundim — Doha, Catar
Mbappé empilhou taças, gols, prêmios e se tornou um jogador mais rápido, forte e decisivo entre as finais da Copa do Mundo de 2018 e de 2022. Porém, a mudança de patamar do camisa 10 não é restrita ao que se passa dentro de campo. Se na Rússia, aos 19 anos, o atacante ainda apresentava o seu cartão de visitas, no Catar ele chegou não só como um dos maiores astros do futebol mundial, como também ostentando o posto de jogador mais bem pago do planeta. Nos quatro anos que separaram as decisões contra Croácia e Argentina, o craque multiplicou patrocinadores, seguidores em redes sociais e cifrões, tornando-se um ícone global.
Segundo levantamento da revista Forbes, especializada em negócios e economia, Mbappé ganha 128 milhões de dólares por ano, o equivalente a R$ 680,2 milhões na cotação atual. Neste ano, ele deixou Cristiano Ronaldo e Messi para trás no ranking de jogadores que mais faturam graças ao novo contrato assinado com o Paris Saint-Germain, com salário turbinado após o Real Madrid tentar contratá-lo.
Embora seja garoto-propaganda de multinacionais como Nike, Hublot, Oakley e EA Sports, o francês ainda fica atrás de outros astros do futebol em relação aos receitas de patrocínio – ele recebe cerca de 18 milhões de dólares com contratos publicitários.
Isso tem relação direta com a opção do jogador de selecionar as marcas com as quais se associa, fato que ganhou destaque nessa Copa do Mundo, quando ele escondeu o nome de uma fabricante de cervejas nas três vezes em que ganhou o prêmio de melhor em campo da partida. Mbappé também é avesso a redes de fast food e casas de apostas e chegou a se recusar a participar de sessão de fotos da Federação Francesa de Futebol por, entre outras coisas, querer escolher com quais empresas vincular sua imagem.
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Mbappé é o jogador de futebol mais bem pago do mundo — Foto: Michael Regan – FIFA/FIFA via Getty Images
Paralelamente, o atacante cultiva a imagem de “bom moço” com projetos sociais e parcerias estratégicas. Desde 2019 ele é embaixador global da Good Goût, marca francesa de alimentos biológicos para bebês e crianças. Um ano antes, ele doou a premiação pelo título da Copa da Rússia a uma entidade que organiza eventos esportivos para crianças com deficiência.
Recentemente, Mbappé lançou um livro com desenhos ilustrados que contam a trajetória dele para “dar esperança a uma nova geração”.
Todo esse cuidado com a imagem pessoal atrelado ao desempenho dentro de campo ajudam a atrair novos fãs. Desde a Copa de 2018 o francês multiplicou em mais de seis vezes o número de seguidores em redes sociais. Somando Instagram, Facebook e Twitter, ele é acompanhado por 103,9 milhões de contas, 87 milhões a mais do que há quatro anos.
Para além das métricas financeiras e mercadológicas, quem convive com Mbappé também nota uma mudança comportamental.
– Kylian não tem ego. Ele não tem mais 18 anos, ele tem experiência – disse o técnico Didier Deschamps, referindo-se ao atacante pelo primeiro nome, em entrevista durante a fase de grupos do Mundial do Catar.
Griezmann, outro protagonista da seleção francesa, também destacou o amadurecimento do camisa 10:
– Kylian em 2018 não era o mesmo jogador, ele não tinha a mesma personalidade. Nós vemos ele muito mais integrado ao grupo nos treinamentos. Ele fala muito e coloca bastante “joie de vivre” (paixão pela vida) no dia a dia da equipe.
Em quatro anos, muita coisa mudou na vida de Mbappé e nada indica que essa ascensão dentro e fora de campo irá cessar. Nesse domingo, às 12h (de Brasília), contra a Argentina, no Estádio Lusail, o francês tem a oportunidade de subir mais alguns degraus no panteão do futebol e conquistar o seu segundo título mundial com apenas 24 anos. Um feito histórico, cujo valor é impossível de medir como a fortuna no banco ou o engajamento nas redes sociais.