Torcida do Valladolid chama atacante do Real Madrid de “negro de merda”, faz gritos de macaco e atira objetos contra jogador; presidente da entidade rebate brasileiro
Por Redação do ge — Valladolid, Espanha
O atacante Vinicius Junior foi vítima de insultos racistas mais uma vez na Espanha (assista abaixo). Vídeos publicados nas redes sociais mostram vários xingamentos da torcida do Valladolid contra o brasileiro, na vitória do Real Madrid por 2 a 0, pelo Campeonato Espanhol. O jogador se manifestou sobre o assunto neste sábado e condenou a passividade da liga que organiza o torneio.
“Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto e a LaLiga segue sem fazer nada… Seguirei de cabeça erguida e comemorando as minhas vitórias e do Madrid. No final a culpa é MINHA”, publicou Vinicius.
– A LaLiga combate o racismo há anos. Vini Jr, é muito lamentável e não é verdade publicar que a LaLiga não faz nada contra o racismo. Se informe melhor. Estamos à sua disposição para que TODOS JUNTOS, possamos caminhar na mesma direção – disse Javier Tebas.
Vinicius foi substituído aos 42 minutos do segundo tempo e caminhou pela lateral do campo, sem correr diretamente ao banco de reservas. No trajeto, torcedores atiraram vários objetos contra o jovem atacante. É possível perceber gritos de “negro de merda” e “macaco”, além de sons que imitam macaco.
Vinicius não reage aos insultos, mas chuta um dos objetos atirados pelos torcedores. Ele ainda cumprimenta o goleiro Courtois, que retira vários dos itens arremessados a campo. O Real Madrid e o Valladolid não se manifestaram.
O Valladolid pertence ao ex-atacante e ídolo brasileiro, Ronaldo, que também é dono da SAF do Cruzeiro. O Fenômeno estava no estádio José Zorrilla e acompanhou a partida ao lado do presidente do Real Madrid, Florentino Pérez.
Vinicius Junior sofre insultos racistas em Valladolid x Real Madrid — Foto: Reprodução
– Este episódio não é um caso isolado, mas um novo exemplo de uma realidade que já foi denunciada muitas vezes: Marega, Kameni, Williams, Marcelo, Alves ou Eto’o, entre outros, são alguns dos jogadores que sofreram insultos racistas – afirmou a declaração do Congresso.
Na ocasião, o Atlético de Madrid condenou a atitude de seus torcedores e chegou a suspender três sócios por racismo contra Vinícius Jr. A LaLiga denunciou o caso, mas, três meses depois, o Ministério Público de Madri arquivou o inquérito. A entidade afirmou que as ofensas “duraram alguns segundos” e aconteceram em contexto de “máxima rivalidade”.
Vini Jr responde sobre arquivamento de caso de racismo — Foto: Reprodução
A lei na Espanha
Na Espanha, há uma legislação – desde 2007 – para casos de incidentes violentos no esporte, incluindo o racismo. A lei prevê que “infrações graves” de racismo podem gerar multas individuais de 60 mil a 650 mil euros, ou valores mais baixos – entre 3 mil e 6 mil euros. Além disso, os torcedores podem ser banidos e os clubes podem ficar sem seus estádios – por até dois meses a dois anos.
Ao mesmo tempo, há ainda o código de disciplina da Real Federação Espanhola – em que há possibilidade de acusam de omissão por não tomar providências para evitar casos de racismo. Apesar de todas essas previsões, os respectivos órgãos não têm o hábito de aplicar punições severas.