Na noite desta segunda-feira (10), a Câmara Municipal de Campo Grande realizou audiência pública que colocou em debate o uso e a aplicação medicinal do Canabidiol. A audiência “Cannabis Medicinal: Direito à saúde, associativismo e impacto social”, contou com a presença de especialistas e autoridades que discutiram a construção de políticas públicas adequadas para garantir o acesso seguro e eficiente ao tratamento com a Cannabis.
A audiência foi feita pela Comissão Permanente de Ciência, Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo, composta pelos vereadores Tabosa (presidente), Ronilço Guerreiro (vice), Dr. Jamal, Luiza Ribeiro e Dr. Loester. Foi debatido o aspecto político, social, jurídico e científico, além de apresentar o impacto social do trabalho de associativismo em Mato Grosso do Sul.
“A Câmara não pode ficar indiferente a situação de muitos pacientes que precisam dessa medicação e mais que isso, sofrendo com o preconceito. A maconha, a cannabis, sofre muito preconceito ainda na sociedade brasileira e até seu uso medicinal tem sido visto com olhos do preconceito. Trazer esse debate aqui é esclarecer as pessoas, apoiar quem estuda, ouvir quem faz o uso, quem precisa e não tem condição, enfim é papel da Câmara servir a população num debate tão importante como esse”, afirmou a vereadora e proponente Luiza Ribeiro.
Para a fundadora e diretora executiva da Divina Flor (Associação Sul Mato Grossense de Pesquisa e Apoio à Cannabis Medicinal), Jéssica Camargo, o solo brasileiro é propício para o cultivo da Cannabis, o clima e o solo são prontos para produzir cannabis de alta qualidade e barata. “Um remédio que vem de fora, que vai ser distribuído para as pessoas pela farmácia, ele custa mais de 2500 reais, o produto que a gente consegue fazer aqui no Brasil, pode chegar a 350, 400 reais o frasco. Temos que lutar pelo cultivo nacional pois podemos produzir remédio de qualidade e mais barato para quem mais precisa e quem não tem acesso a informação, possa ter acesso ao tratamento”, destacou.
Presidente da Associação de Doenças Neuromusculares de MS, Rosana Puga Martinez é mãe de um rapaz que faz o uso do canabidiol como forma de tratamento e contou, “meu filho tem uma doença neuromuscular, as dores só aumentavam com os remédios convencionais, até que a médica dele veio e disse para experimentar a cannabis medicinal. Faz dois anos que ele usa, esta livre das dores com o uso da cannabis”, disse.
Ela ainda enfatizou a respeito do preço dos medicamentos que contém o canabidiol. “O medicamento é caro, estou aqui para reclamar dessa questão. As pessoas não sabem distinguir uso recreativo de uso medicinal. Essa audiência de hoje é de suma importância para deixar em pratos limpos essa questão e que os parlamentares influenciem seus apoiadores, para que aprovem em laboratórios no Brasil, e que seja um preço acessível”, concluiu.
Para o médico André Delamare, Médico Clinico Geral e pós graduado em Psiquiatria, trabalha com esse tipo de tratamento alternativo e destacou ver hoje como um tratamento principal para vários casos de diversos pacientes. “São vários os benefícios a partir da patologia que o paciente apresenta. Tratamos ansiedade, insônia, depressão, pacientes autistas, enfim, conseguimos melhorar os sintomas que eles vem apresentando e trazem a queixa até a gente. Temos muito o que caminhar e evoluir e queremos trazer o tratamento a todas as pessoas que precisam desse tratamento, trazendo esperança e dignidade, fico à disposição”.
Lucas Gazarine, Professor Doutor pela UFMS de Três Lagoas) relatou o momento que estamos vivendo com relação a esse tipo de tratamento. “Estamos em um momento da ciência que os olhos estão voltados para os canabinoides. Tem vários estudos importantes acontecendo no mundo inteiro, também no Brasil, sobre o potencial terapêutico de canabinoides. Por exemplo em doença de Alzheimer, transtornos psiquiátricos, depressão e ansiedade. São temas importantes. Em Mato Grosso do Sul, o acesso dificultado aqui está atrasado, por conta de valores, recursos. Então ficamos na periferia dessas pesquisas. Aqui fazemos menos pesquisas do que poderíamos fazer, ficando apenas com estudos pré-clínicos. Nosso Estado pode melhorar ainda mais nesses estudos, temos trabalhado em parceria com a Divina Flor, Fio Cruz, pensando em aumentar a visibilidade do tema e informações técnicas do tema para as pessoas”, enfatizou.
Desde fevereiro deste ano tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) o PL 06/2023, que assegura o acesso a medicamentos e produtos à base de cannabis para tratamento de doenças, síndromes e transtornos de saúde, de autoria do Deputado Estadual Pedro Kemp.
Para o deputado, “o canabidiol tem se mostrado muito eficaz para vários tipos de patologia, síndromes e doenças raras. O problema é o alto custo para as pessoas terem acesso ao medicamento. Queremos que as pessoas de baixa renda também tenham acesso ao uso do medicamento. Temos várias associações no Brasil que produzem a um preço mais acessível, então queremos que a saúde pública possa disponibilizar também esse medicamento. Estamos com um projeto tramitando na assembleia e estamos com tratativas com o Governo do Estado para aperfeiçoar o projeto, estou confiante e otimista com a aprovação e sanção pelo nosso governador e as pessoas de baixa renda irão se beneficiar muito com essa aprovação”, finalizou.
A discussão, transmitida pelos canais da Câmara no Facebook e no Youtube, trouxe dados e informações históricas sobre as pesquisas, tratamentos e legislação.
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal