Campo Grande, 5 de maio de 2024

Em audiência na Câmara, autoridades discutem saúde mental na educação

Especialistas e autoridades debateram, durante audiência pública nesta segunda-feira (24), “Saúde Mental: um desafio na educação”. Proposto pelo vereador Prof. Juari, o debate foi convocado pela Comissão Permanente de Educação e Desporto e aconteceu no Plenário Oliva Enciso, na sede da Casa de Leis.

“É importante estar aqui discutindo as ações, começando a audiência de uma forma diferente, ouvindo a plateia, os profissionais, eles que vivenciam e podem apontar caminhos para todos nós, ouvindo toda a comunidade escolar e daqui sair encaminhamentos necessários para o executivo municipal. Nossas reuniões são públicas, tem sido aberta a comunidade, pois isso é democracia, nossa luta é pela educação, contem conosco.” disse o parlamentar.

Para o Secretário Municipal de Educação, Lucas Bittencourt, “nós temos uma coordenadoria que foi criada desde janeiro, projeto “gente cuidando de gente”, para entender quem é o nosso servidor, o que podemos fazer por ele, e temos também o projeto “valorização a vida”, com 16 psicólogas que tem acompanhado as escolas, cuidado dos professores. Precisamos ampliar, mas isso tudo já é um início. Lotar o servidor de acordo com sua especificidade, habilidade e necessidade também. Precisamos melhorar cada dia e temos trabalhado de forma incansável com tudo isso e a Semed está aqui para servir e cuidar de quem cuida”, concluiu.

Professor Capelão Edilson dos Reis, Coordenador técnico do curso de extensão de prevenção ao suicídio da UFMS, comentou sobre conscientizar os pais de que as crianças e os adolescentes têm adoecimento mental. “Isso já é um grande passo. Como? Ações dentro das escolas trazendo os pais para uma reflexão e entender que professor não é psiquiatra nem psicólogos, mas eles podem ser os primeiros interventores, aqueles que tem o diálogo e que irá observar a mudança de comportamento do aluno. Depois vem a secretaria de educação e saúde fazendo o intercambio com isso.
Precisamos tratar com seriedade. É um trabalho de várias mãos, unir secretarias conhecer a realidade, fazer um estudo sobre saúde mental, estudo acadêmico científico, para entendermos a real situação da saúde dos profissionais do nosso município”, disse.

Para o Gilvano Kunzler Bronzoni, Presidente do sindicato campo-grandense dos profissionais da educação pública,” hoje temos uma grande preocupação quanto a tratar os professores que já estão com sua saúde mental debilitada, seja no afastamento, na readaptação, no tratamento para que esse profissional possa retornar ao seu ambiente de trabalho com produtividade. Esse debate de hoje também envolve ouvir as causas, para que possamos fazer um enfrentamento, uma prevenção a essa doença, que surgiram com mais força nos últimos anos, para que não tenhamos um profissional adoentado”, disse.

Para o vereador Ronilço Guerreiro, “eu acredito muito em trabalhar na saúde mental, cuidar de quem cuida. Sou aquele que defende psicólogos e assistentes sociais nas escolas. O papel do psicólogo na escola é identificar problemas, trabalhar com a comunidade. Precisamos reformar os Caps, encaminhar os profissionais para lá. De repente o IMPCG também ser um lugar para recebe-los. Nós colocamos no orçamento municipal de Campo Grande, colocar esses profissionais nas escolas. Quando que irão contratar? Quando poderemos ter essa parceria? Procurar melhorias nessa saúde mental. Pensar e aplicar a lei, para evitar que mais problemas acontecem, olhando por todos da escola, que nossas escolas sejam transformadas em espaços para a educação, cultura e o saber”, ressaltou.

O vereador Valdir Gomes, exaltou a questão dos profissionais readaptados. “temos debatido, não é de agora, mas precisamos olhar os readaptados. Falta acolhimento, pois não tem. Quando o profissional está doente e vai pro readaptado, muitas vezes falta função. Temos que fazer algum trabalho. Os diretores das escolas sabem muito sobre os readaptados. Precisamos criar funções que atendam eles, eles se sentem rejeitados muitas vezes, então precisamos valorizar esses profissionais. Vamos unir essa saúde mental para tratar esses readaptados”.

Pedro Tiago, representando a União da Juventude Socialista, expressou que a escola deve ser um espaço de acolhimento e de entendimento das diferenças e que por meio de acompanhamentos poderá livrar-se da crescente violência nos discursos de ódio. “Para falar de saúde mental, precisamos falar com os estudantes. Defendemos urgentemente a criação de circuitos de arte, cultura e esporte nas escolas. Queremos pedir o cumprimento da lei nacional nº13935/19, que prevê uma rede de psicologia e assistência social em todas as escolas do país em um prazo de um ano. Essa lei é de 2019 e ainda não foi cumprida. Precisamos de uma escola diferente do que está posta. O novo ensino médio, de 2017, que começa sua aplicação no ano passado, destrói os sonhos de uma juventude. São escolas que ensinam a fazer brigadeiro e sabão. Não queremos ser massa de trabalho, queremos ter pensamentos críticos. Somos maiores que o novo ensino médio, ele não nos atende”, destacou.

Alelis Isabel de Oliveira, Coordenadora da Coordenadoria Psicossocial da Semed, agradeceu o momento de discutir uma pauta tão importante. “A saúde mental vai muito além de tudo que estamos ouvindo, é desesperadora. A palavra principal hoje é acolhimento. As famílias estão desestruturadas, então é um dominó, que vem de casa, vai pra escola e adoece a todos. Temos que falar de suicídio sim, dentro da saúde mental. Estamos aqui para salvar as pessoas e uma vida vale muito pra nós. Nós temos que tratar da família, temos que dar a tarefa para os pais de cuidar dos filhos em casa, trazer isso para as reuniões de pais, voltar a falar de família. Campo Grande é a única no país que cuida de politicas publicas assim, como nós fazemos aqui na coordenadoria. E iremos continuar, o nosso trabalho é missão. Juntos construir ações para cuidar dessas pessoas, todas merecem viver”.

O secretário municipal de Saúde, Sandro Benites, participou da audiência e reforçou, “crianças, adolescentes e adultos inseguros e isso levando a tragédias. Temos muitos estudos, temos muitos números, vemos por aí a quantidade de atestados, tantas pessoas doentes. Chega. Precisamos dar o nosso melhor, tudo que temos e encarar essa doença que assola a humanidade. Temos que sair daqui, com agenda positiva, Semed, Sesau, Juventude, SAS, com coisas práticas, está na hora de entrar de fato com essa ação em conjunto, utilizar psicólogos, otimizar e me coloco a disposição”, disse.

A Comissão Permanente de Educação e Desporto finalizou a audiência com encaminhamentos. “Fortalecimento do SUS, uma agenda proposta com o secretário de saúde, vereadores e demais autoridades presentes, provavelmente no horário da tarde, também as unidades escolares, Emeis melhorar o acolhimento, acolher e colocar os readaptados em funções que possam ser produtivos, ampliar o número de profissionais que atendam pelo IMPCG para dar conta da demanda, rever a estrutura e condições de trabalho dos professores, realizar pesquisa para saber como estão os profissionais, ampliar cursos de aperfeiçoamento em saúde mental e atenção psicossocial, ampliar parceria com a Fiocruz, implantar gestão democrática, ampliar os espaços de escutas com psicólogos e assistentes sociais e também fazer parcerias e projetos com mais profissionais de esportes e atividades”, concluiu o presidente da Comissão, vereador Prof. Juari.

Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal  

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