Campo Grande, 1 de dezembro de 2024

Com atenção especial, Organização Pan-Americana da Saúde discute envelhecimento da população de MS

Uma manhã de diálogo trazendo para o presente a certeza da velhice. Nesta terça-feira (5), a Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania) recebeu a representante da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) nas Américas, Cristina Hoffmann. Em pauta, o envelhecer dentro de cada uma das temáticas trabalhadas pela cidadania e a necessidade de políticas públicas que acompanhem o avançar da idade.

Subsecretária de Políticas Públicas para Pessoa Idosa, Zirleide Barbosa, enfatizou que para fortalecer a pauta do envelhecimento é preciso trabalhar de forma transversal.

“Não conseguimos levar adiante este debate da luta da pessoa idosa e do envelhecimento saudável sem falar com os outros. É no território que a pessoa que envelhece está, não tem como trabalhar sem falar com a subsecretaria de Assuntos Comunitários, por exemplo, porque é na comunidade que as pessoas estão, querem e vão envelhecer”, pontua Zirleide.

Envelhecimento humano tema de conversa entre Opas e Setescc 7 Com atenção especial, Organização Pan-Americana da Saúde discute envelhecimento da população de MS
Discussão trouxe o envelhecimento para dentro de cada uma das pautas da Cidadania: Mulheres, Povos Originários, População LGBTQIA+, Assuntos Comunitários, Promoção da Igualdade Racial, Pessoa com Deficiência e Pessoa Idosa. (Foto: Paula Maciulevicius)

O diálogo reuniu representantes de cada uma das oito subsecretarias da Cidadania: Mulheres, Povos Originários, Promoção da Igualdade Racial, População LGBTQIA+, Pessoa Idosa, Pessoa com Deficiência, Juventude, Assuntos Comunitários e do Centro Estadual de Cidadania LGBTQIA+, e Gerência de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, da Secretaria de Estado de Saúde, que foram provocados a trazer a questão para dentro do cotidiano de cada pasta.

Subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Cristiane Sant’Anna de Oliveira trouxe dois pontos importantes para a reflexão: a necessidade de se fazer uma comunicação mais acessível e a saúde da pessoa idosa sob o viés da sexualidade.

“Qualquer documento hoje em dia que você queira que chegue à população idosa é preciso aumentar a letra. Outra coisa que me chama atenção são as campanhas que os idosos fizeram mostrando que existe a libido depois de certa idade. Precisamos pensar a política pública para o idoso, a criança, a infância até a própria mulher está muito para frente, mas a nossa sociedade ainda tem dificuldade para entender, em 2060 nós seremos ¼ da população”, enfatiza a subsecretária.

O dado se refere à pesquisa do IBGE que estima que a população acima dos 65 anos seja mais de 25% no Brasil em 2060.

Analista de projetos do setor de Planejamento Estratégico da Cidadania, Luciana Zanela, acrescentou ao diálogo que apesar da Setescc ter uma subsecretaria específica voltada para a pessoa idosa, todas as demais têm trabalhado também na temática.

“A Subsecretaria da Pessoa Idosa trata diretamente do assunto, mas tem dado este direcionamento para que as demais pastas possam tratar do envelhecimento e do processo de envelhecer dentro da sua pasta, com seus diferentes aspectos como a população indígena, a pessoa com deficiência, mas sempre trazendo a importância da transversalidade na construção da política pública para o nosso Estado”.

Para a representante da Opas, Cristina Hoffmann, falar de envelhecimento traz muitos desafios e um deles é a dificuldade de sair do discurso para transformar em ações, práticas e estratégias.

“No campo da saúde, a prioridade é a saúde da mulher, da gestante, da criança. Isso também é óbvio, mas precisamos pensar no processo de envelhecimento de forma que todos tenham o direito de envelhecer. A expectativa de vida de uma pessoa trans, por exemplo, é de 45 anos. Esta população não tem direito de envelhecer?”, questiona.

Ocupando a posição de consultora em envelhecimento humano, uma pasta recém-criada pela Opas, Cristina Hoffamnn chama a atenção também para o fato de que costumeiramente a pessoa idosa é vista como uma pessoa doente. “E não é verdade, 70% da população idosa é autônoma e independente para as atividades da sua vida, o que acontece é que todo mundo quer viver muito, mas não quer envelhecer, e não tem fórmula mágica. Precisamos discutir com a sociedade como a pessoa idosa deve ser vista, porque não é sobre o que você produz que vai dizer o quão importante você é”, reflete.

 

Paula Maciulevicius, da Setescc

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