WASHINGTON — O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira um plano em três etapas para a retomada das atividades econômicas e sociais nos Estados Unidos, paralisadas por orientação da maioria dos estados por causa da pandemia da Covid-19. O chefe da Casa Branca traçou diretrizes gerais que recomendam aos estados a flexibilização das medidas de isolamento para conter o novo coronavírus até o início do mês que vem. O plano foi divulgado durante a entrevista diária sobre o combate à doença, mas foi antecipado a governadores nesta tarde.
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Na primeira fase recomendada por Trump, locais como restaurantes, cinemas e academias poderiam voltar a funcionar com regras rigorosas de distanciamento social e seriam permitidas reuniões de até 10 pessoas. Viagens não essenciais e a reabertura de escolas estão previstas apenas para a segunda etapa, quando seriam permitidas reuniões de até 50 pessoas. Na terceira, as pessoas consideradas vulneráveis — descritas no plano como idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como diabetes e câncer — poderiam retomar as interações públicas. O documento também prevê uma futura contratação de funcionários para rastrear novos contágios pelo coronavírus no país, através de testagens.
Para seguir as orientações, os estados precisariam atender a precondições básicas, como a queda de registros de novos casos da Covid-19 e de pessoas com sintomas parecidos com o da gripe, além da diminuição das internações e o aumento no número de testes. Antes de cada etapa, esses mesmo critérios também devem ser respeitados, disse Trump.
De acordo com uma fonte da Casa Branca que falou à agência Reuters, as diretrizes têm apoio de médicos e especialistas e devem servir como uma orientação aos estados. Os Estados Unidos registram atualmente mais de 650 mil casos da Covid-19, com mais de 34 mil mortes, mas a avaliação é que o pico do contágio já foi alcançado em algumas áreas.
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O presidente já havia falado que até o dia 1º de maio deseja retomar as atividades econômicas em algumas regiões do país hoje sob quarentena. No entanto, no sistema federalista americano ele não tem o direito legal de impor uma retomada aos estados. Por isso, só pode definir diretrizes gerais.
No discurso, Trump mudou o tom e afirmou que os estados terão autonomia para aderir ao plano, indo contra o que havia dito antes, que cabia a ele determinar quando o país iria retomar as atividades econômicas e sociais. Ele também recuou em relação aos atritos entre o Partido Republicano e o Democrata, afirmando que é bom o relacionamento entre as duas legendas durante a crise.
— Todos estão trabalhando juntos. Democratas, republicanos, independentes, liberais. Todos devem trabalhar juntos. Isso não é sobre partidos, é sobre o nosso país — declarou.
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Na coletiva da última quarta-feira, o presidente ameaçou suspender o Congresso alegando que os democratas na Câmara estava o bloqueando de fazer nomeações a cargos federais que seriam necessários para o combate à pandemia — a medida é prevista pela constituição americana, mas nunca foi tomada.
A pandemia foi um alerta vermelho para Trump, que vinha usando a bonança econômica como base de sua campanha à reeleição em novembro deste ano. Nos últimos dois meses, a paralisação do país fez com que mais de 22 milhões de americanos dessem entrada no seguro-desemprego — número que superou a quantidade de empregos criado depois da crise financeira de 2008.
Sete estados prolongam quarentena
Em direção oposta ao discurso de Trump, sete estados do Nordeste dos EUA estenderam o isolamento até 15 de maio nesta quint-feira. A decisão foi liderada pelo governador de Nova York, Andrew Cuomo, que formou uma aliança com outros seis estados vizinhos — Nova Jersey, Connecticut, Delaware, Massachusetts, Pensilvânia e Rhode Island.
Na semana passada, Los Angeles já havia estendido as restrições para a mesma data, assim como a capital, na última quarta.
— O que vai acontecer depois disso eu não sei. Vamos ver, vai depender do que os dados dizem — disse Cuomo, cujo estado é o mais atingido pela Covid-19.
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Já outros sete estados dos EUA, principalmente do Meio-Oeste, disseram nesta quinta-feira que trabalharão em conjunto para reabrir suas economias. São eles: Michigan, Ohio, Wisconsin, Minnesota, Illinois, Indiana e Kentucky — juntos, representam cerca de 16% da produção econômica total do país.
“Estamos ansiosos para trabalhar juntos para mitigar a crise econômica que esse vírus causou em nossa região”, disseram os governadores em comunicado conjunto. “Reconhecemos que nossas economias dependem uma da outra e precisamos trabalhar juntos para reabri-las com segurança.”