Dirigente palmeirense atacou “soberba” do comandante rubro-negro em entrevista na sexta
Por Thiago Ferri* — São Paulo
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, não poupou palavras em entrevista na última sexta-feira, na Academia de Futebol, para tratar de suas divergências com Rodolfo Landim, do Flamengo. O motivo da rusga está nas discussões sobre a criação da liga de clubes brasileiros.
Verdão e Fla fazem parte do mesmo grupo, a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que conta ao todo com 18 equipes e tenta se aproximar da Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), que tem outros 26.
Antes das declarações que contaram até com provocação e citação ao Real Madrid, houve um episódio entre os dirigentes há pouco mais de um mês.
Em reunião da Libra, Leila mostrou incômodo com a postura de Landim, que na avaliação dela tem sido “soberbo demais”. A dirigente diz ter falado ao flamenguista que ele “não era o rei da cocada preta”.
Na visão da palmeirense, Landim tem se mostrado pouco aberto a ceder pela liga. E, para ela, isto consequentemente é um dos motivos que fazem as discussões sobre o tema se arrastarem desde o ano passado.
Ao decidir conceder uma entrevista fora do padrão, já que não é costume dirigentes no Palmeiras falarem nas apresentações de jogadores, Leila quis tornar pública sua posição até para tentar acelerar as conversas pela liga. A presidente alviverde tem criticado a demora para uma resolução.
O que gerou a divergência com Rodolfo Landim foi o fato de as decisões de alta relevância na Libra terem de ser tomadas por unanimidade, como a divisão de dinheiro, por exemplo.
Ela foi a única a tornar o tema público, mas mais clubes dentro do grupo já mostraram a intenção no último encontro de fazer uma alteração. O Flamengo, a princípio não.
De acordo com pessoas ligadas à direção rubro-negra, Landim está apenas cumprindo o previsto no estatuto da Libra, assinado também pela presidente do Verdão e todos os outros participantes.
Ainda que as declarações de Leila Pereira gerem uma pressão externa, o Flamengo só aceita avaliar uma mudança se isto for discutido em reunião.
E é o que deve acontecer no próximo encontro da Libra. Como outros times além do Palmeiras falaram nas assembleias passadas que é necessário rever a cláusula de unanimidade, o grupo já tinha previsto na pauta da reunião subsequente levar opções para alterá-la.
Estão sendo avaliadas opções, seja para manter a unanimidade por um período pré-estabelecido nos primeiros anos da liga, ou alguma outra saída que não gere grandes discrepâncias. A LFF é contrária às decisões por unanimidade, também.
Leila Pereira defende a liga por concordar que é o melhor modelo para o futuro do futebol brasileiro, mas disse que os impasses estão a deixando irritada. Ela também é favorável à diminuição da distância na arrecadação entre os times da Série A.
Ao assumir a decisão de tornar pública a insatisfação, ela se coloca como um contraponto ao Flamengo e fez também um aceno para clubes que divergem do rubro-negro.
– Se (o Flamengo) não está satisfeito, saia. A liga segue com 19 clubes e tenho certeza que uma parte da Forte (LFF) viria para cá – declarou Leila.
Apesar do discurso duro de Leila, não há neste momento um cenário de rompimento dentro da Libra. O grupo trabalha para chegar a um acordo com a LFF para a criação da liga única a partir de 2025.