Sua renúncia ainda deverá ser aceita pelo líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que poderá pedir que ele permaneça como interino até que um substituto seja nomeado. Shtayyeh é integrante do partido que exerce uma governança limitada sobre partes da Cisjordânia.
Por g1
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, renunciou o cargo nesta segunda-feira (26). Ele é integrante da Autoridade Nacional Palestina (ANP), partido formado há 30 anos, que exerce uma governança limitada sobre partes da Cisjordânia ocupada.
“Apresentei a demissão ao líder [da ANP, Mahmud Abbas] em 20 de fevereiro e a submeto hoje por escrito”, afirmou Shtayyeh, antes de explicar que a decisão acontece “à luz dos fatos relacionados com a agressão contra a Faixa de Gaza e a escalada na Cisjordânia e Jerusalém”.
Shtayyeh disse que Gaza precisará entrar em uma nova fase de governo por conta da nova realidade na região e, por isso, decidiu renunciar. O primeiro-ministro palestino assumiu o cargo em 2019.
Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, o líder da ANP tem sido criticado por sua “impotência” diante dos bombardeios israelenses na Faixa e do aumento da violência na Cisjordânia ocupada.
Há cerca de 17 anos, a liderança palestina está dividida entre a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza (entenda mais abaixo).
“[O novo momento] exigirá acordos governamentais e políticos que levem em conta a realidade emergente na Faixa de Gaza, bem como a necessidade urgente de um consenso palestino”, afirmou Shtayyeh. Além disso, “é necessária a extensão da Autoridade Nacional Palestina sobre todo o território”.
Porém, a renúncia de Shtayyeh ainda deverá ser aceita pelo líder da ANP, que poderá pedir que ele permaneça como interino até que um substituto seja nomeado.
Israel prometeu destruir o Hamas e diz que, por razões de segurança, não aceitará o domínio da Autoridade Nacional Palestina (ANP) sobre Gaza após a guerra, que já matou cerca de 1.200 israelenses e quase 30 mil palestinianos.
A ANP deveria funcionar como um órgão de governo temporário de todos os territórios palestinos. Formado pelo líder, primeiro-ministro e um conselho legislativo. E o maior partido político palestino, Fatah, e o grupo terrorista Hamas, poderiam disputar cadeiras.
Porém, um conflito entre os dois partidos aconteceu após a última eleição para o Conselho Nacional Palestino, em 2006. À época, o grupo terrorista ganhou as cadeiras do conselho. Porém, a vitória não foi aceita por Israel e pela União Europeia, que financiavam em parte a ANP.
Os países impuseram sanções, que acirrou a rivalidade entre os partidos locais. Tanto que o Fatah dissolveu o conselho, ficando com o controle da ANP na Cisjordânia — onde tinha sua maior base de apoio — e o Hamas formou um governo próprio e tomou controle da Faixa de Gaza.
Esforços para um novo governo
O Fatah — partido de Shtayyeh — e o Hamas têm feito esforços para chegar a um acordo sobre um governo de unidade e devem se encontrar na quarta-feira (28) para debater o assunto.
“A renúncia de Shtayyeh só faz sentido se ocorrer um acordo de consenso nacional sobre os preparativos para a próxima fase [de Gaza]”, disse Sami Abu Zuhri, o integrante da alta cúpula do Hamas, à Reuters.