Ex-campeão do UFC completa meio século de vida com treinos todos os dias, milhões de seguidores nas redes sociais, lutas que carregam público e sem pensar em aposentadoria
Por Combate.com — Rio de Janeiro
Anderson Silva fez sua última luta no UFC aos 45 anos, quando enfrentou Uriah Hall em outubro de 2020. O que poderia parecer uma despedida do mundo das lutas, mostrou nos quase cinco anos depois que o brasileiro ex-campeão peso-médio (até 83,9kg) se mantém relevante nas artes marciais, enquanto chega aos 50 anos nesta segunda-feira.
Nascido em São Paulo em 14 de abril de 1975, cria do mestre Fábio Noguchi no muay thai e da Chute Boxe no MMA – ambos em Curitiba -, Anderson se tornou campeão do UFC em outubro de 2006, quando venceu Rich Franklin. Mundialmente conhecido pelo apelido de “Spider”, ele somou 16 vitórias consecutivas no UFC e fez 10 defesas de cinturão, marcas ainda hoje relevantes.
– Estou pronto. Não, não acredito em (aposentaria). Claro que tenho negócios diferentes, trabalho com cinema e produção de filmes, tenho minhas escolas, tenho muitas coisas, mas minha paixão, meu amor, é lutar. E é para isso que me mantenho pronto. É loucura porque, sabe as forças especiais do exército? É a mesma coisa, estou pronto (a qualquer hora). Eu só preciso saber exatamente onde, (quem é) meu oponente e o peso. Esse é o ponto. Treino todos os dias para isso – disse Anderson em participação recente no podcast “Art of Ward”, do ex-boxeador Andre Ward.
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Anderson Silva acerta direto em Chael Sonnen no Spaten Fight Night — Foto: Wander Roberto/Divulgação
Mas para além de todos os números, recordes e marcas importantes, o que faz Anderson Silva ainda ser relevante aos 50 anos sem depender desse passado? O Combate.com tenta explicar.
Treino todos os dias
Para quem acompanha Anderson Silva em suas redes sociais, imagens de treino são o que mais ocupa espaço em suas páginas. Possivelmente acompanhado dos filhos Kalyl e Gabriel, ou mesmo dos treinadores de longa data, como Luiz Dórea, por exemplo, o lutador brasileiro se diz sempre pronto para qualquer chamado.
– Deus me deu tudo. E eu treino todos os dias, claro. Sim, eu treino (todos os dias). Faço treinamento físico todos os dias. Duas vezes por semana treino jiu-jítsu, e treino boxe e muay thai uma vez por semana – disse Anderson na mesma participação no podcast “Art of Ward”.
Cinco lutas em menos de cinco anos
Após sair do UFC, Anderson Silva sempre deixou claro que aposentadoria não é uma palavra que se acostumarão a ouvir vinda dele. Em meio a toda a promoção por ocasião da luta com Uriah Hall, ele sempre frisou que era apenas sua despedida do UFC. Desde então, Anderson já lutou cinco vezes, mas sempre no boxe, e não mais no MMA.
A primeira empreitada de Anderson longe do UFC foi contra Julio César Chávez Jr, em duelo com o mexicano na casa dele. O brasileiro venceu numa decisão dividida em junho de 2021. Em setembro do mesmo ano, Anderson nocauteou o também ex-UFC Tito Ortiz, com um nocaute em 1min21s.
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Anderson Silva na luta contra Tito Ortiz na Flórida — Foto: DOUGLAS P. DEFELICE / AFP
Anderson também foi até Dubai e fez uma luta de exibição com o brasileiro Bruno Caveira, sem vencedor, em maio de 2022. A única derrota veio diante do youtuber Jake Paul, em outubro de 2022, hoje o maior nome dessa espécie de “showbol”, como definiu o jornalista Guilherme Cruz, do site “MMA Fighting”, ao se referir a duelos entre celebridades e lutadores.
– Anderson Silva foi inteligente de encontrar o “showbol” do MMA. Ser relevante aos 50 anos é o merecido fruto que vem do plantio à base de suor e sangue no UFC. Embora ainda tenha esticado a corda tempo demais no MMA, o que muitos veem como mancha no legado no MMA, Anderson encontrou uma forma mais saudável de ainda calçar as luvas, entrar nos ringues para socar alguém, e voltar para casa com o bolso cheio de dinheiro. Foi inteligente ao escolher os adversários desde que deixou o UFC, o que deixa aberta a porta para mais “peladas de fim de ano” no boxe.
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Jake Paul venceu Anderson Silva num duelo de fã e ídolo — Foto: Christian Petersen/Getty Images
A última aparição do Spider foi num ringue com o “ex-desafeto” Chael Sonnen, com quem fez duas lutas memoráveis no UFC. Dessa vez no Spaten Fight Night, a luta foi intitulada de “despedida de Anderson Silva do Brasil”, e terminou empatada. O evento realizado em São Paulo, apenas para convidados, reuniu diversos lutadores e celebridades e foi transmitido pela TV Globo.
Relevante nas redes sociais
Ferramenta necessária a quem pretende se manter relevante, Anderson é assíduo nas redes sociais. Não só para promover as lutas, como também seus inúmeros empreendimentos. Anderson tem escolas de luta, marca de roupa, participa de filmes, mas não esconde que lutar é o que te move, e usa seus 5,2 milhões de seguidores no Instagram e 7,1 milhões no X para movimentar essa engrenagem.
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Anderson Silva e o ator Terry Crews — Foto: Adriano Albuquerque
Filhos carregam legado
Para além das próprias lutas, Anderson Silva também mantém seu legado ativo ao ver dois de seus filhos em ação no ringue. Kalyl Silva, 26 anos, e Gabriel Silva, 27 anos, passaram a lutar nos últimos três anos, às vezes até mesmo com o pai no card.
No Spaten Fight Night, realizado em junho de 2024, Kalyl enfrentou Paulo Roberto e venceu por decisão unânime a luta de quatro rounds, logo antes da exibição do pai com Chael Sonnen. Kalyl soma três vitórias em três lutas de boxe.
Gabriel chegou a fazer três lutas amadoras no kickboxing, tendo inclusive sido nocauteado na última delas. Depois, já no boxe, venceu quatro de cinco lutas, algumas delas de exibição. No mês passado, Gabriel nocauteou Brendan Kelly.
Gabriel chegou a fazer três lutas amadoras no kickboxing, tendo inclusive sido nocauteado na última delas. Depois, já no boxe, venceu quatro de cinco lutas, algumas delas de exibição. No mês passado, Gabriel nocauteou Brendan Kelly.
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Kalyl Silva e Anderson Silva — Foto: Reprodução/Instagram